sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A Morte

Hoje é dia de finados; dia em que muitos vão aos cemitérios visitarem os seus queridos falecidos. Todos os dias milhares de pessoas morrem, mesmo assim o ser humano não está acostumado com a morte. Em algum momento da vida somos levados a indagar sobre a origem e o fim do homem. Será que a morte é o fim? O que acontece com a pessoa após a morte? Existe consciência na morte? Existe mesmo a reencarnação? Os bons vão para o céu, os maus vão para o inferno logo após a morte? O que é alma? O que é espírito? Nós vamos recorrer à Palavra de Deus para encontrarmos respostas para estas perguntas.

A alma
Em Gênesis 2:7, Alma“ denota o homem como um ser vivente depois que o fôlego de vida penetrou no corpo físico formado pelos elementos da terra. Similarmente, uma nova ”alma‘ vem à existência sempre que nasce uma criança, sendo cada”alma‘ uma nova unidade de vida, completamente distinta de todas as outras unidades similares. Esta qualidade da individualidade em cada ser vivente, o qual constitui uma entidade única, parece ser a idéia enfatizada pelo termo hebraico nephesh. Quando utilizado neste sentido, nephesh não representa parte de uma pessoa; é a própria pessoa, sendo, em muitos casos, traduzido exatamente como ”pessoa‘ (como em Gên. 14:21; Núm. 5:6; Deut. 10:22;) ou ”eu‘ (aprópria pessoa) (caso de Lev. 11:43; I Reis 19:4; Isa. 46:2; etc.). . . Em mais de 100 ocorrências dentre as 755 que acontecem no Antigo Testamento, nephesh é traduzido como ”vida‘ (como em Gên. 9:4 e 5; I Sam. 19:5; Jó 2:4 e 6; Salmo 31:13, etc.). O uso do termo grego psuche no Novo Testamento é similar àquele de nephesh no Antigo. É utilizado tanto para a vida animal quanto para a vida humana (Apoc. 16:3). Na versão (inglesa) King James, a palavra é traduzida quarenta vezes simplesmente como ”vida‘ ou ”vidas‘ (veja Mat. 2:20; 6:25; 16:25, etc.). Em algumas oportunidades o seu uso se refere simplesmente a ”pessoa‘. . . e ainda em outros casos ela equivale a um pronome pessoal. . . Algumas vezes refere-se a emoções . . . à mente . . . ou ao coração“. (2) Psuche não é imortal, e sim sujeita à morte (Apoc. 16:3). Pode ser destruída (Mat. 10:28).

—A evidência bíblica indica que por vezes nephesh e psuche podem referir-se a toda a pessoa, enquanto noutras oportunidades o termo restringe-se a aspectos particulares do homem, tais como afeições, emoções, apetites e sentimentos. Tal forma de utilização, contudo, de nenhuma maneira demonstra que o ser humano é composto de duas partes distintas. O corpo e a alma existem em conjunto; ambos formam uma união indivisível. A alma não possui consciência separada do corpo. Não existe qualquer texto que indique a possibilidade de a alma sobreviver ao corpo, mantendo-se como entidade consciente“.

O Espírito.
O termo
ruach, do antigo Testamento, e que aparece traduzido como —espírito“, refere-se à centelha de vida que é essencial à existência de um indivíduo. É o termo que representa a energia divina que anima os seres humanos. No sentido de respiração, o ruach do homem é idêntico ao ruach dos animais. O ruach do homem abandona o corpo por ocasião da morte (Salmo 146:4) e retorna a Deus (Ecle. 12:7). Ruach ocorre 377 vezes no Antigo Testamento, e com maior freqüência é traduzido como espírito, ou vento fôlego“. É também um termo empregado para denotar vitalidade, coragem, temperamento ou ira, disposição, caráter moral e a sede das emoções. —Ruach é utilizado freqüentemente para identificar o Espírito de Deus, como em Isaías 63:10. Jamais no Antigo Testamento, no que diz respeito ao homem, ruach denota uma entidade inteligente, capaz de existência independente do corpo físico. No Novo Testamento, o termo grego equivalente a ruach é pneuma, —espírito“, proveniente de pneo, —soprar“ ou —respirar“. Assim como ocorre com ruach, não existe qualquer coisa inerente a pneuma que faça o termo denotar uma entidade capaz de existência consciente separada do corpo; tampouco o uso que o Novo Testamento faz da palavra, referindo-se ao homem, de alguma forma implica em tal conceito. Tal como ocorre com ruach, pneuma também é devolvida ao Senhor por ocasião da morte (Lucas 23:46; Atos 7:59).


Pneuma e os Escritos Paulinos

A palavra pneuma (espírito) apresenta uma grande gama de significados como pode ser comprovado pelos escritos paulinos.

Merecem destaque estes:

Hálito ou sopro de Deus – II Tes. 2:8.

A alma humana tomada pela pessoa em geral – I Cor. 16:18.

A alma como intelectiva ou a consciência – I Cor. 2:11.

Anjos e demônios – Heb. 1:14; Efés. 2:2; I Tim. 4:1.

Aplica-se como apelativo a Cristo – II Cor. 3:17.

A divina natureza de Cristo – Rom. 1:4.

A terceira pessoa da Trindade – Rom. 8:9-11 ; I Cor. 2:8-12.

Interessante é notar que o apóstolo Paulo emprega apenas 12 vezes a palavra psiquê, que deveriam ter os seguintes significados de acordo com o original:

Seis vezes como o significado de vida – Rom.11:3; 16:4; I Cor. 15:45; II Cor. 1:23; Fil. 2:30; I Tes. 2:8.

Três indicam desejo – Efés. 6:6; Fil. 1:27; Col. 3:23.

Uma vez indica emoção – I Tes. 5:23.

Dois exemplos são pessoais – Rom. 2:9; 13:1.

A palavra pneuma, que aparece 220 vezes em o Novo Testamento, como já foi afirmado, é usado 91 vezes para denominar o Espírito Santo.

Explicação de Algumas Passagens


Há duas passagens bíblicas, onde quase sempre psiquê é traduzida por alma, porém não deveria sê-lo:

S. Luc. 12:19 – "Então, direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come e bebe, e regala-te."

Neste texto, psiquê está empregada no sentido de pessoa, isto é, uma pessoa falando consigo mesmo.

S. Luc. 12: 20. Neste verso lemos: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma. . ."

Entende-se que a pessoa iria morrer, logo psiquê deveria ser traduzida por vida. A prova é que nos versos 22 e 23 psique foi traduzida por vida.

Comentários sobre Mateus 10:28 – "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma: temei antes aquele que pare fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo."

O contexto desta passagem muito nos ajuda em Sua exegese.

Jesus está admoestando os discípulos para enfrentarem as perseguições que viriam, com o risco de tirar-lhes a própria vida. Os versos 23, 25 e 26 nos dão esta idéia. A admoestação de Cristo culmina com as palavras: "Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma."

Esta declaração de Cristo queria dizer o seguinte: Eles não deveriam temer os perseguidores que poderiam no máximo tirar-lhes a vida terrestre; mas não podiam evitar a ressurreição para a vida eterna. Temei antes aquele que pode fazer perecer na geena tanto a alma como o corpo. Em outras palavras, com este verso Jesus nos quis ensinar que os homens aqui poderão terminar com a nossa vida, mas quem tem a vida nas Suas mãos é Deus que pode terminar com toda a possibilidade da existência no dia do juízo final.

O temor deveria ser no sentido de a pessoa não estar preparada para a morte, pois isto significaria a perda da vida eterna.

Este texto, como se encontra nesta tradução, que não é boa, por traduzir geena por inferno e psiquê por alma, contradiz o conceito dos imortalistas, pois se a alma pode perecer ela não é imortal.

A tradução carreta deste verso seria: "Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a vida eterna, temei antes, aquele que pode fazer perecer na geena tanto corpo como a vida eterna.

d) O "Espírito" que volta para Deus de Ecles. 12:7.

Aqui está a descrição bíblica do que acontece ao homem quando ele morre. Mas o que é esse espírito que retorna a Deus? Uma passagem do Novo Testamento nos elucida. Tiago 2:26 – "Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta."

Tiago nos diz que o espírito é que mantém o corpo vivo. Há traduções bíblicas que trazem em vez de espírito – fôlego ou sopro de vida, como aparece na tradução bíblica dos monges beneditinos (Editora Ave Maria).

"Antes que a poeira retorne à terra para se tornar o que era; e antes que o sopro de vida retorne a Deus que o deu".

O livro Consultoria Doutrinária da Casa Publicadora Brasileira, págs. 93-94 assim explica este verso:

"Esse fôlego, dado por Deus a todos os homens, bons e maus, e aos animais é recolhido por Deus. Por ocasião da morte, Deus recolhe o fôlego da criatura, para reintegrá-lo no ar, a fim de que na ressurreição Ele proceda de novo como na criação: fará assoprar o fôlego do ar para as narinas dos ressuscitados. Lemos em Ezeq. 37:9 e 10: 'Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. . . E o espírito (ou fôlego) entrou neles e viveram e se puseram em pé, um exército sobremodo numeroso'. Tal ocorrerá na ressurreição final. O homem não tem poder para reter seu fôlego. Cristo e Estêvão, ao expirarem, pediram a Deus que lhes recebesse o fôlego".

As duas palavras, fôlego e espírito, são usadas na Bíblia uma em lugar da outra.

e) Gên. 35:18 – "Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni; mas seu pai lhe chamou Benjamim."

Esta passagem tem sido muito citada pelos defensores da idéia de que a alma tem existência separada do corpo.

A palavra pneuma usada neste texto tem o significado de vida, por isso a frase deveria ser traduzida: "como sua vida estava saindo".

As Palavra Imortal e Imortalidade na Bíblia

Conforme SDA Bible Commentary, pág. 502 são estas as referências:

I. "A palavra imortal é usada duas vezes na Bíblia, referindo-se a Deus.

"Assim, ao Rei eterno, imortal.. ."

Rom. 1:23 – "e mudaram a glória do Deus incorruptível. .." – A Revised Standard Version traduz por imortal.

II. Imortalidade – grego athanasia – que nunca morre, ocorre apenas 5 vezes no texto sagrado:

I Tim. 6:16 – "o único que possui imortalidade" = Deus.

Rom. 2:7 – O cristão é descrito como buscando a imortalidade.

II Tim. 1:10 – Cristo nos trouxe a imortalidade.

I Cor. 15:53 – Com a segunda vinda de Cristo os justos ressuscitados receberão a imortalidade.

I Cor. 15:54 – "O corpo mortal se revestirá da imortalidade".

Se a Bíblia não ensina que o homem é imortal como apareceu esta crença? Se nos reportarmos ao capítulo 3 de Gênesis encontraremos cabal resposta para esta indagação. O diabo através da serpente disse á mulher: "É certo que não morrereis". Gên. 3:4.

Satanás continua ensinando através dos séculos, de maneira insidiosa e constante, que o homem não morre. Este ensino originado com o diabo continua tendo extraordinário sucesso, desde que é aceito por quase toda a humanidade, porém ele se opõe aos claros ensinos das Santas Escrituras, que declaram que o homem que poderia ter vivido para sempre se não pecasse, caiu sob a condenação da morte por ter pecado, tornando-se no momento em que pecou portanto mortal (Jó 4:17; Rom. 6:12; 8:11; I Cor. 15:53-54; II Cor. 4:11).

A advertência de Pedro (I Pedro 5:8) para os seus dias, continua muito válida para nós hoje.

Conclusão

Embora a Bíblia nada ensina sobre uma alma ou espírito consciente que sobrevive após a morte do corpo, ela fala muito sobre a vida após a morte. Nenhuma distinção é feita entre a maneira da morte do justo ou do ímpio. Assim como morre um morre o outro. Mas há uma diferença cardeal com relação ao futuro dos justos e dos ímpios mortos. Todos permanecem no pó até o tempo da ressurreição. Então viverão novamente para enfrentar as conseqüências de suas escolhas durante o tempo de vida. João 5:28, 29; 1Tes. 4:16, 17. Os que aceitaram a oferta de Cristo de vida eterna e imortalidade a receberão por ocasião da vinda do Senhor. Os que rejeitaram esta oferta não podem receber vida de nenhuma outra fonte. (João 1:4; 3:16; 17:2; I João 5:12).

Pr Vicente Pessoa

Fontes: Nisto Cremos, Explicação de Textos Difíceis, 39

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