sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Podemos Confiar na Astrologia?


Há fundamento religioso na astrologia? Podemos realmente confiar nas predições dos
astrólogos?
O dicionário Aurélio define astrologia como: "Estudo e conhecimento da influência dos
astros...no destino e no comportamento dos homens". A prática da astrologia é muito antiga. Ela se desenvolveu na Mesopotâmia, ao tempo de Babilônia e daí passou ao Egito, à Grécia e Roma. Foi, no começo, um misto de religião e ciência. Os pagãos da antigüidade adoravam os astros, e os que se dedicavam à astrologia criam que os astros serviam de guia no predizer negócios e
destinos humanos. Ainda existe, na escrita cuneiforme, usada na Mesopotâmia, um horóscopo datado de 410 anos antes de Cristo. No Império Romano os astrólogos estudavam o Sol, a Lua e os cinco planetas visíveis e procuravam, por encantamentos, obter ajuda dos deuses que criam habitar esses astros. Na imaginação dos astrólogos esses mesmos deuses poderiam ajudá-los a descobrir o futuro Como vemos, a astrologia originou-se entre os pagãos da antigüidade, que adoravam os astros. Ela não tem base nos ensinos bíblicos. Mas, a astrologia tem afinal de
contas, fundamento científico? Alguns fatos irão responder a esta pergunta: No começo de 1985, 36 astrólogos e advinhos norte-americanos fizeram 500 predições de acontecimentos que deveriam ocorrer durante aquele ano. Menos de 5% poderiam ser contados como tendo se
cumprido. Eram acontecimentos mais ou menos óbvios, mas 95% falharam. Algumas das redições deles como exemplo: A senhora Nancy Reagan quebraria uma perna numa festa em Whashington. Fidel Castro, chefe do governo de Cuba, contrairia câncer e correria à União Soviética para o seu tratamento de emergência. O então Aiatolá Komeini que ainda era vivo na época, seria assassinado por sua guarda pessoal. O papa João Paulo II encontrar-se-ia num avião seqüestrado por terroristas. Como sabemos, todas estas predições falharam, e isto prova que a astrologia não tem base científica. Cientistas de diferentes países, em número de 192, publicaram o seguinte: "Nós, abaixo assinados - astrônomos, astrofísicos e cientistas em outros campos - desejamos advertir o público contra a aceitação sem exame das predições e conselhos dados por astrólogos, em particular e publicamente. Os que desejam crer na astrologia devem compreender que não há base científica para os seus ensinos."

Vibrant Life, Set/Out. 86, pág 25.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Preguiça Baiana








DOUTORADO NA PUC - TEMA: "PREGUIÇA BAIANA"

"Preguiça baiana" é faceta do racismo. A famosa "malemolência" ou preguiça baiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de doutorado defendida na USP. A pesquisa que resultou nessa tese durou quatro anos. A tese, defendida no início de setembro pela professorade antropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasil e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de "festa eterna".
Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da mão-de-obra da população atua no mercado informal, as festas são uma oportunidade de trabalho. "Quem se diverte é o turista", diz a antropóloga.
O objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu, após quatro anos de pesquisas históricas, que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatórios contra os negros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia.
O estudo mostra que a elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.
A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio da elite portuguesa, que considerava os escravos indolentes e preguiçosos, devido às suas expressões faciais de desgosto e a lentidão na execução do serviço (como trabalhar bem-humorado em regime de escravidão??? ?).
Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das migrações da década de 40. Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos. Chamá-los de preguiçosos foi a forma de defesa encontrada para denegrir a imagem dos trabalhadores nordestinos (muito mais paraibanos do que propriamente baianos), taxando-os como desqualificados, estabelecendo fronteiras simbólicas entre dois mundos como forma de "proteção" dos seus
empregos.
Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da imagem. "Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nas cidades industrializadas e urbanas. A preguiça, aí, aparece como uma especiaria que a Bahia oferece para o Brasil", diz Elisete. Até Caetano se contradiz quando vende uma imagem e diz: "A fama não corresponde à realidade. Eu trabalho muito e vejo pessoas trabalhando na Bahia como em qualquer lugar do mundo".
Segundo a tese, a preguiça foi apropriada por outro segmento: a indústria do turismo, que incorporou a imagem para vender uma idéia de lazer permanente "Só que Salvador é uma das principais capitais industriais do país, com um ritmo tão urbano quanto o das demais cidades."
O maior pólo petroquímico do país está na Bahia, assim como o maior pólo industrial do norte e nordeste, crescendo de forma tão acelerada que, emcerca de 10 anos será o maior pólo industrial na América latina.
Para tirar as conclusões acerca da origem do termo "preguiça baiana", a antropóloga pesquisou em jornais de 1949 até 1985 e estudou o comportamento dos trabalhadores em empresas. O estudo comprovou que o calendário das festas não interfere no comparecimento ao trabalho. O feriado de carnaval na Bahia coincide com o do resto do país. Os recessos de final de ano também. A única diferença é no São João (dia 24 /06), que é feriado em todo o norte e nordeste (e não só na Bahia). Em fevereiro (Carnaval) uma empresa, cuja sede encontra-se no Pólo Petroquímico da Bahia, teve mais faltas na filial de São Paulo que na matriz baiana (sendo que o n° de funcionários na matriz é 50% maior do que na filial citada). Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que fica na Bahia, ganhou os dois prêmios de qualidade no trabalho dados pela Câmara Americana de Comércio (e foi a única do Brasil).
Pesquisas demonstram que é no Rio de Janeiro que existem mais dos chamados "desocupados" (pessoas em faixa etária superior a 21 anos que transitam por shoppings, praias, ambientes de lazer e principalmente bares de bairros durante os dias da semana entre 9 e 18h), considerando levantamento feito em todos os estados brasileiros. A Bahia aparece em 13°lugar.
Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5 a 7 anos) que a Bahia é o melhor lugar para investimento industrial e turístico da América Latina, devido a fatores como incentivos fiscais, recursos naturais e campo para o mercado ainda não saturado. O investimento industrial e turístico tem atraído muitos recursos para o estado e inflando a economia, sobretudo de Salvador, o que tem feito inflar também o mercado financeiro (bancos,financeiras e empresas prestadoras de serviços como escritórios de advocacia, empresas de auditoria, administradoras e lojas do terceiro setor).
Faça-me o favor de encaminhar este e-mail ao maior número possível de pessoas. Para que, desta forma, possamos acabar com este estereótipo de que o baiano é preguiçoso. Muito pelo contrário, somos dinâmicos e criativos. A diferença consiste na alegria de viver, e por isso, sempre encontramos animação para sair, depois do expediente ou da aula, para nos divertir com os amigos.

Tânia Guimarães

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Pecado para Morte.


Vamos analisar alguns versículos Bíblicos sobre o assunto e ver se conseguimos entender o que o apóstolo João nos escreveu? Vamos lá!
"Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta enfermidade não é para a morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela." - João 11:4
"Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?" - Romanos 6:16
"Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte." - Romanos 7:5
"Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que não é para morte, pedirá, e Deus lhe dará a vida para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda injustiça é pecado; e há pecado que não é para a morte." - I João 5:16,17.
Analisando estes versos, podemos definir o pecado para a morte como todo pecado cometido por uma pessoa que não quer saber de Deus e que não está querendo se arrepender.
De que adianta nós orarmos para que Deus perdoe um pecado cometido por uma pessoa se ela mesma não ora nem se preocupa em pedir perdão a Deus?
Sabemos que qualquer pecado pelo qual não peçamos perdão a Deus ocasionará a nossa morte no final. Se nos apegarmos a um pecado, por menor que seja, e o praticarmos diariamente ou costumeiramente em nossa vida, sem pedir perdão a Deus, este é um pecado "para a morte". Somente quando estivermos lutando contra este pecado e pedindo perdão e poder de Deus para vencermos este pecado é que o pecado não será para a morte, mas para que Deus mostre Sua força e vença este pecado em nós.
Resumindo: Se alguém está triste por pecar, se arrependeu e nos pede que ajudemos em oração, podemos orar, pois este pecado não é para a morte. Contudo, se alguém peca continuamente o mesmo pecado, não se arrepende e não pede perdão a Deus, não devemos orar para que Deus a perdoe, pois a atitude da pessoa faz com que o pecado seja para a morte.
De qualquer forma, podemos conversar e aconselhar a pessoa a pedir perdão, e orar a Deus para que O Espírito Santo atue nela, para que ela peça perdão e pare de pecar.

Carlos Vendet de Souza
EQUIPE DE CONSELHEIROS BÍBLIA ONLINE

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Suicídio. Um ato sem esperança?


Uma reflexão sobre a postura de Deus em relação aos suicidas vítimas de depressão

André Flores*

Nos Dez Mandamentos, encontramos um que diz: “Não matarás” (Ex 20:13). É certo que a expressão negativa enfática de não matar se refere às mais variadas formas que levam à morte. Dentre elas, lembramos do assassinato, da eutanásia e do aborto. O suicídio também é considerado como a quebra desse mandamento, tendo em vista que significa autodestruição, ou negação da própria vida. O termo se origina do latim sui, que quer dizer a si mesmo, e caedere que significa cortar, matar.

No mundo cristão, é fácil notar como são tratados aqueles que cometem suicídio. Na maioria das vezes, os suicidas são tidos como excluídos da oportunidade de salvação e, por essa razão, os familiares tentam ocultar a real causa da morte. Devido o constrangimento, a família tende a alegar que o indivíduo morreu de infarto do miocárdio, acidente, derrame cerebral e outros. Na Idade Média, a Igreja Católica Romana condenou o suicídio e os suicidas. Aqueles que morriam dessa forma não eram enterrados, seus corpos ficavam ao ar livre para serem devorados pelas feras e aves de rapina.[1]

O teólogo Hans Ulrich Reifler, no seu livro A Ética dos Dez Mandamentos, corrobora essa idéia, dizendo que “todos os teólogos de todas as épocas e todas as tradições cristãs condenam o suicídio” (grifo nosso). Para ele, quer seja por desespero ou descontrole emocional-mental, a pessoa peca por não crer na intervenção divina.[2]

Seria certo rotularmos todos aqueles que cometeram o suicídio como alienados da salvação, sendo julgados como achados em falta na balança divina? Analisaremos uma possível resposta a essa pergunta considerando: (1) que fatores podem levar uma pessoa a cometer tal ato; (2) a relação entre depressão e suicídio; (3) um breve panorama bíblico.

Possíveis causas
A taxa de suicídio varia muito de país para país. As pesquisas mostram que é na Europa que aparecem os maiores índices. Para se ter uma idéia, na Finlândia ocorrem cerca de 28 suicídios para cem mil habitantes. Já a Suíça fica em segundo lugar, com cerca de 24 suicídios para cada cem mil habitantes. Na lista, outros 18 países antecedem a Grécia e o Brasil, ambos com uma taxa de três mortes para cada cem mil habitantes.[3]

As pessoas que cometem suicídio são levadas a fazê-lo por vários motivos. Há aqueles que se matam por motivos religiosos, outros por ideais políticos e, até mesmo por orgulho, como é o caso daqueles que não suportam a idéia de sentirem-se derrotados. Infelizmente, existem até mesmo os que tiram sua vida com o intuito de fazer recair a culpa sobre outros.

Entretanto, as pesquisas mostram que o principal motivo que leva as pessoas a cometer o suicídio é a depressão. Ela é responsável por 70% dos casos. Apenas nos Estados Unidos, cerca de trinta mil pessoas morrem a cada ano com problemas depressivos.[4] Assim, nesse artigo vamos nos ater a analisar o suicídio relacionado com o estado depressivo.

A depressão afeta pessoas de ambos os sexos, embora as mulheres sejam as vítimas mais comuns, são os homens que se mostram mais propensos ao suicídio.[5] Porém, após os 65 anos, tanto homens como mulheres acabam sofrendo igualmente da doença. Ademais, pelo menos um dentre cinco adultos terá depressão em algum momento da vida.[6]

Aqueles que estão passando por algum período de depressão muitas vezes se perguntam: para que viver? Qual é o objetivo da vida? Vale a pena seguir vivendo? Esse pensamento é típico daqueles que possuem uma forte tendência ao suicídio e necessitam seriamente de ajuda.7

A doença
O psiquiatra Charles Nemeroff chama o cérebro de órgão da mente.[8] Por ser um órgão, se adoece, o cérebro deve receber tratamento. Esse é o caso da depressão. Uma pessoa depressiva pode apresentar vários sintomas, tais como constante cansaço, problemas de sono, lentidão mental e física, perda de apetite, desinteresse pelo sexo e outros. Em diagnóstico de quadro depressivo, os sintomas se apresentam no intervalo de duas semanas a dois anos. Os episódios duram geralmente entre três a 12 meses, com uma média de seis meses.[9]

Porém, qual seria a causa desses sintomas? Eles podem ser causados pelo baixo nível neurotransmissores, determinadas substâncias químicas no cérebro. Isso, por sua vez, pode ser resultado do estresse. Dependendo do caso, para se tentar normalizar os níveis dessas substâncias, algumas pessoas são medicadas.[10]

Um tiro pela culatra

Alguns remédios usados no tratamento da depressão possuem algumas reações um tanto curiosas e, até mesmo contraditórias. O site da agência BBC[11] , em uma reportagem publicada em 15 de outubro de 2004, informa que os fabricantes de anti-depressivos nos Estados Unidos seriam obrigados a colocar nas embalagens avisos de que os remédios podem estimular tendências suicidas entre os jovens. Já o site do British Medical Journal[12] , na edição de 19 de fevereiro de 2005, adverte que drogas anti-depressivas podem estar associadas com um risco aumentado de comportamento suicida. Outro site, o do jornal Correio da Manhã[13] , de Portugal, em reportagem publicada em 27 de abril de 2005, traz que o suicídio juvenil é potencializado pelo uso de anti-depressivos (como o Prozac). A mesma fonte afirma que a ligação entre atos suicidas ou de violência e a fluoxetina – substância ativa do Prozac – já tinha sido estabelecida em doentes adultos.

Essas notícias nos deixaram intrigados, e nos levaram a pesquisar algumas bulas de remédios. Veja o que encontramos em três deles:

(1) Lexotan® CR (Bromazepam): dentre os efeitos indesejáveis destacamos o embotamento emocional e confusão mental. Podem ocorrer algumas reações paradoxais como inquietação, agitação, agressividade, delírios, pesadelos, alucinações e etc.;[14]
(2) Valium® (Diazepam): “Benzodiazepínicos não são recomendados para tratamento primário de doença psicótica. Eles não devem ser usados como monoterapia na depressão ou ansiedade associada com depressão, pela possibilidade de ocorrer suicídio nestes pacientes”;[15]
(3) Dormonid® (Maleato de midazolam): “Benzodiazepínicos não devem ser utilizados isoladamente para tratar depressão ou ansiedade associada a depressão, pois podem facilitar impulso suicida em tais pacientes”(grifo nosso).[16]

Um caso esclarecedor
Em suma, uma pessoa depressiva está mentalmente doente, passando por distúrbios mentais e muitas vezes fazendo uso de determinados medicamentos que, mesmo em casos raros, podem levá-la ao suicídio. Como avaliar as ações de alguém nesse estado? Uma pessoa com um quadro assim pode estar fazendo pleno uso da sua faculdade da razão? Portanto, voltamos agora à pergunta do início: seria certo rotularmos todos aqueles que cometeram o suicídio como alienados da salvação, sendo julgados como achados em falta na balança divina? Estariam certas as enfáticas afirmações de Reifler?

Para tentar clarificar ainda mais nosso pensamento, usaremos o pertinente caso de Phineas Gage. Ele era um contramestre de 25 anos de idade, que trabalhava na construção de uma linha férrea. No dia 13 de setembro de 1848, estava fazendo preparativos para uma explosão, socando pó explosivo em um buraco com uma barra de ferro. Em um dado momento, a barra atingiu uma pedra produzindo uma faísca. Quando a carga explodiu, a barra com um metro de comprimento, pesando cerca de seis quilos atravessou-lhe a cabeça abaixo do olho esquerdo, passando seu lobo frontal saindo pela parte superior do crânio. O buraco tinha mais de nove centímetros de diâmetro. Apesar de tudo, após um mês ele estava fora da cama e caminhando pela cidade.

Aqueles que o conheciam, relatam que Gage estava aparentemente normal, exceto num aspecto: sua personalidade havia sido séria e permanentemente alterada. Quando voltou ao antigo emprego, os colegas notaram que aquele que tinha uma mente equilibrada, que era um trabalhador perspicaz, eficiente e muito persistente em seus trabalhos, tornara-se indeciso, grosseiramente irreverente e impaciente. Seus amigos disseram que ele “não era mais o Gage”. O instrumento lesionou gravemente o córtex cerebral de ambos os hemisférios, particularmente os lobos frontais. Foi essa lesão que fez com que o jovem se portasse de maneira diferente a anterior. Há relatos de que sua personalidade foi alterada muito mais que sua inteligência.[17]

O caso de Phineas Gage nos mostra claramente que após o acidente ele passou a ser agressivo, impaciente e irreverente. Assim sendo, fazemos pelo menos duas perguntas: (1) levando em consideração o antes e o depois do acidente, até onde o Senhor levará em consideração o tempo em que Gage tinha plena razão da sua consciência? e (2) será ele julgado nas cortes celestes pelo que era, ou pelo que se tornou após o acidente?

E agora?

A Bíblia, embora nunca mencione a palavra suicídio, fala do assunto. Ela revela algumas pessoas que desejaram e até cometeram atos suicidas. Dentre os casos daqueles que pediram a morte nos lembramos de Moisés e Elias. É certo que você poderá pensar que nesses dois casos não há pecado, por se tratar simplesmente de um pensamento, mas não podemos nos esquecer que Jesus, em Mateus 5:28, diz: “Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela”. Jesus dá a entender que não é somente o ato que nos faz pecar, mas que o desejo do coração já é considerado pecado.

Temos o caso de Saul, que em sua aberta rebelião contra Deus, em seu íntimo orgulho, joga-se sobre sua espada para não ser morto pelos filisteus (1Sm 31:3 e 4). Judas, também é um caso de rebelião e afastamento declarado de Deus. Mas o que dizer de Sansão? O próprio Reifler, que diz que o suicídio é sempre errado, esquece que o nome de Sansão encontra-se na galeria dos heróis da fé, em Hebreus 11. Eu diria que a história de Sansão é um caso clássico de que Deus não julga os casos de suicídio da mesma forma.

Logo, embora o suicídio não seja aprovado por Deus, cremos que Ele é justo juiz, e que “há de julgar todas as coisas até as que estão escondidas...”. Muitas pessoas quitaram suas vidas não por rebelião aberta e afastamento declarado de Deus, mas, quem sabe, por estarem mentalmente doentes. Pessoas que provavelmente foram levadas a cometerem um ato que não fariam em sã consciência, fazendo pleno uso da faculdade da razão.

Àqueles que perderam algum ente querido nessas condições, podemos consolar sugerindo que esperem no Senhor. No tempo determinado Ele certamente revelará a Sua justiça.

Notas
1 Sansano, R., Suicídio Buscando Alternativas, pág. 35, 71
2 Reifler, H. U. A ética dos Dez Mandamentos, pág. 122, 123
3 Alzugaray, D., Istoé, Guia da Saúde Familiar – Depressão, pág. 89
4 Sansano, R., Suicídio Buscando Alternativas, pág. 119
5 Atkinson, R. L., Introdução a Psicologia de Hildgard,, pág. 563
6 Alzugaray, D., Istoé, Guia da Saúde Familiar – Depressão, pág. 9
7 Sansano, R., Suicídio Buscando Alternativas, pág. 7
8 Bear, M. F., Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso, pág. 691
9 Dalgalarrongo, P., Psicopatologia e Semiologia dos Tratamentos Mentais, pág. 190, 192
10 Alzugaray, D., Istoé, Guia da Saúde Familiar – Depressão, pág. 19
11 http://www.bbcbrasil.com
12 http://www.emedix.com.br/not/not2005/05fev17psi-bmj-sbc-suicidio.php
13 http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=158124&idselect=10&idCanal=10&p=94
14 http://www.roche.com.br/bulas/web/produtos_descricao.asp?codproduto=68
15 http://www.roche.com.br/bulas/web/produtos_descricao.asp?codproduto=25
16 http://www2.roche.com.br/bulas/web/produtos_descricao.asp?codproduto=16
17 ibid, pág. 586, 587

Referências bibliográficas

ALZUGARAY, D. Istoé, Guia da Saúde Familiar – Depressão. Ed. Especial n.º 8: Cajamar-SP: Três, 1999
ATKINSON, R. L. Introdução a Psicologia de Hildgard, Ed. 13ª. Porto Alegre: Artmed, 2002
BEAR, M. F. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Ed. 2ª. Porto Alegre: Artmed, 2002
DALGALARRONGO, P., Psicopatologia e Semiologia dos Tratamentos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000.
REIFLER, H. U. A ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992
SANSANO, R. Suicídio Buscando Alternativas. Barcelona: Clie 1992

*aluno de Teologia do Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP.