Sob o sol quente do deserto da Arábia Saudita, a voz de um capelão soa através de filas e mais filas de soldados em uniforme de camuflagem. "A morte nunca é justa", disse ele. Ao seu lado, em cima de uma mesa, há um capacete e um par de botas de combate que representam o homem que eles vieram prantear. Mais tarde, um pouco antes do toque de recolher, o primeiro sargento fez a chamada. Quando chegou num nome, ele chamou três vezes, "Cabo Riggs? Cabo Riggs? Cabo Riggs?" Mas não houve resposta. O bravo soldado que havia sobrevivido a sete meses de "Escudo no Deserto" e "Tempestade no Deserto", viveu menos de 24 horas depois de voltar para casa em Detroit. Ele fora assassinado na rua, a sangue frio, ceifado na plenitude da vida."A morte nunca é justa", disse o capelão. E suas palavras deixaram muitos se perguntando
- por quê? Se Deus está governando dos céus, por que então tantas coisas parecem tão injustas aqui na Terra?O cabo do exército Anthony Riggs era muito estimado entre os homens da Bateria Delta, que haviam sido designados para abater mísseis Scud sobre o deserto da Arábia. Ele era amigável e muito trabalhador. Seus amigos o chamavam de "Lâmpada Elétrica". Seu batalhão disparou mais mísseis Patriot do que qualquer outro no cenário saudita e recebeu crédito por 20 acertos. Anthony se preparou bem para a ação. Na noite do ataque mais pesado dos mísseis Scud, um oficial superior o viu de pé no topo de um lançador, gritando para os homens que estavam embaixo ajudando-o a recarregar: "Vamos! Mexam-se"!"Lâmpada Elétrica" não sabia o que era correr para o abrigo. Ele tinha uma dose especial de confiança. Em uma de suas cartas para casa ele escreveu, "De maneira alguma eu morrerei neste país. Com a graça do Senhor e Sua orientação, eu voltarei a andar em solo americano."Para Anthony, confiar em Deus não era apenas um reflexo na dificuldade. Ele fizera parte de um grupo vocal evangélico nos Estados Unidos. E seu pastor se lembrava dele como um homem afetuoso e gentil. Ele disse que Anthony era o tipo de pessoa que enfrentava seus desafios encarando-os alegremente".Bem, Anthony Riggs sobreviveu à guerra, e foi bem-vindo ao país como um de seus heróis.Um dia após a noite de seu regresso, ele começou a carregar uma perua alugada com os pertences de sua esposa. Traficantes de drogas haviam se mudado para sua vizinhança, no nordeste de Detroit. Anthony planejava levar sua esposa e a enteada Amber para um lugar melhor nos subúrbios.Naquela noite ele brincou com Amber e depois tirou um cochilo. Por volta de duas da manhã, ele estava tentando recuperar o tempo e resolveu levar a última carga para a perua. Um pouco depois cinco tiros foram ouvidos. Um vizinho correu para fora e o encontrou estatelado no chão com a cabeça contra a calçada. Anthony Riggs tentou respirar, tossiu e então morreu na escuridão. A polícia isolou o local na entrada da rua Conley.Foi um ato trágico, sem sentido. Ali estava um homem que havia lutado bravamente nos campos de batalha; ele havia sobrevivido à chuva de mísseis Scud que caíam à noite. Ele havia demonstrado ser um jovem responsável, trabalhador, com um futuro brilhante. Ele parecia ser um cristão sincero.E muitas pessoas perguntavam, por que ele, dentre todos? Por que Anthony Riggs? Parecia não haver uma boa resposta para aqueles tiros disparados na escuridão. E há tantos outros que se vão e que nos deixam com a mesma pergunta: por quê?Vemos crianças sendo consumidas pela leucemia e perguntamos: por quê? Vemos famílias temendo por suas vidas por causa de pais alcoólatras e perguntamos: por quê? Vemos corrupção, fome, opressão, e nos indagamos: Se Deus é bom, por que este mundo é tão mau? Se Deus ama realmente Seus filhos, por que tantos sofrem terrivelmente?Gostaria de partilhar com você uma resposta muito importante para essa pergunta. Não é a resposta completa, mas faz sentido, e é algo que geralmente é omitido.Eu acredito que uma certa parábola que Jesus contou nos ajudará a compreender a origem dos infortúnios do homem.O Mestre falou sobre um campo que foi lavrado e preparado perfeitamente para a semeadura. E Ele descreve um homem bom que plantou a semente no campo e esperava uma colheita abundante.Mas algum tempo depois um servo descobriu que joio inútil havia aparecido junto ao trigo, e levantou a seguinte pergunta:"...Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio"? (Mateus 13:27) Amigo, esta é a pergunta que todo ser humano enfrenta em algum momento na vida. Se Deus é bom, se Ele criou este mundo para florescer para Seus filhos, por que vemos tantas tragédias? Na parábola, Jesus diz que o patrão teve uma resposta simples. Ele disse, "Um inimigo fez isso".De onde vem o sofrimento? De onde vêm a doença, a tristeza e a angústia?A resposta de Jesus é: "Elas não apareceram por causa do dono do campo, ele plantou boa semente. Ele não semeou doença e sofrimento e morte. Foi um inimigo, um inimigo de Deus e do homem que veio durante a noite e espalhou sua semente da destruição.A Bíblia claramente identifica esse inimigo como Satanás, um ser que se rebelou contra Deus e desencadeou todo o problema do pecado. Nas Escrituras, o diabo não é apenas uma figura de contos de fada, que voa ao redor com um garfo. Ele é um ser bem real, que causa tragédias bem reais.Mas como foi que tudo começou? Na realidade, o profeta Ezequiel nos dá uma visão da queda de Satanás ao descrever um certo rei arrogante. O capítulo 28 de Ezequiel fala de um ser que era "o sinete da perfeição, cheio de sabedoria". Ele fora ordenado "o querubim da guarda" que andava no brilho das pedras "no monte santo de Deus". Mas alguma coisa aconteceu com esse poderoso anjo conhecido como Lúcifer. Veja o que aconteceu: "Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor..." (Ezequiel 28:18).O orgulho fez Lúcifer tropeçar no céu. Por quê? Foi Deus responsável por algum defeito em seu caráter? Não. Ezequiel se refere a esse anjo como "perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado".O que Deus fez foi criar seres com a capacidade de escolha. Deus não queria seres angelicais que LHE obedecessem só porque eram forçados a isto. Ele não queria robôs marchando pelo céu com as cabeças erguidas e ombros para trás, dirigidos por algum centro de controle cósmico. Deus queria que a adoração fosse livre, vinda de corações amorosos, de inteligências que apreciassem Seu caráter. Aqui está o problema. Se os indivíduos realmente têm o direito de escolha, então eles podem fazer escolhas erradas. Eles podem decidir não amar a Deus.E foi justamente o que Lúcifer fez. Ele se encheu de orgulho, começou a invejar o poder de Deus, e instigou uma rebelião. O profeta Isaías nos conta sobre os trágicos resultados: "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra... Tu dizias no teu coração: "Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus... e serei semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:12-14).Lúcifer foi expulso do céu porque ele foi pego pelo eu, eu, eu. Ele não estava satisfeito com a privilegiada função que lhe foi concedida nas cortes celestes. Ele queria usurpar o lugar do Altíssimo.Lúcifer fez escolhas erradas. Ele teve a liberdade para fazer isso. Deus não é responsável pelo pecado, do mesmo modo que não é responsável pela embriaguez, por ter criado as uvas. Isto no entanto nos leva a outra pergunta. "Se Deus é amor, se Ele sabia que Satanás iria trazer tanta miséria para o Universo, por que Ele não o destruiu no começo? Por que Ele não o matou como nós mataríamos uma mosca"?Bem, o fato é que Deus poderia ter destruído Lúcifer assim que ele começou a ter pensamentos invejosos. Ele poderia ter cortado a rebelião pela raiz. Mas pense por um momento o que isso teria significado para todos os outros anjos.Uma analogia com o governo pode nos ajudar a compreender. Imagine que o presidente dos Estados Unidos, sentado em seu escritório oval em Washington, tenha sido acusado por um poderoso membro de seu gabinete de ser injusto, arbitrário e ditatorial. Ele alega que, na verdade, o presidente não tem em mente os interesses dos cidadãos, mas está usando o cargo para promover seus próprios interesses.E então, como o presidente deveria responder se as acusações são falsas? Será que ele deveria chamar o esquadrão antiterrorista da CIA para prender o membro de seu gabinete? Isso limparia seu nome? E se ele ordenasse às unidades da Guarda Nacional que cercassem o homem em sua casa? Isso resolveria o problema? Certamente você já entendeu. A reputação e credibilidade de Deus estavam em jogo quando Satanás proferiu seu arrogante desafio. A questão levantada era: É Deus realmente justo? É Seu caminho realmente o melhor? Eliminar a oposição não teria sido a resposta a esse desafio.Em vez disso, Deus escolheu um caminho melhor. Ele permitiria que o pecado existisse no Universo por um período de tempo. Quando fosse completamente demonstrado que rebelião contra Ele não traz felicidade, mas sim doença e desastre, quando todo o Universo visse que os caminhos de Deus trazem alegria e os caminhos de Lúcifer trazem morte, então, e somente então, Deus destruiria finalmente todo o mal. Assim, foi permitido a Lúcifer executar seu plano alternativo.Mas isso levanta uma outra pergunta. Como o planeta Terra foi envolvido? Foi ele simplesmente criado como um depósito de lixo para Satanás? Foram os seres humanos sentenciados a sofrer sob seu domínio? O livro de Gênesis nos conta que tudo era "bom" quando Deus criou este mundo, e isso incluia os primeiros seres humanos. Tudo era perfeito no Éden. Mas Deus criou seres humanos como livres agentes morais, exatamente como Ele havia dado aos anjos a liberdade de escolha. Eles poderiam escolher obedecer a Deus ou desviar-se dEle. Quando Eva passeava por perto da árvore proibida do Conhecimento do Bem e do Mal, Satanás, disfarçado em uma serpente, teve a oportunidade de espalhar suas mentiras. Eva contou a ele que Deus disse que ela morreria se comesse da árvore. E Satanás respondeu: "... É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3:4 e 5). Satanás estava dizendo essencialmente: "Você terá muito mais felicidade se me seguir. Deus está restringindo sua liberdade. Ele está te segurando, Ele está te amarrando."Tragicamente, Eva e seu esposo, Adão, aceitaram essa mentira. E hoje nós podemos ver os resultados dessa mentira por todos os lados. A alternativa de Satanás não é nada parecida com a propaganda que a Serpente fez no Éden. Vivemos num planeta em rebelião, num planeta cheio de pecado e morte.Após Adão e Eva comerem da árvore proibida, eles ficaram cheios de culpa e ansiedade. Quando Deus veio procurá-los no Jardim, eles se esconderam da Sua face. Desde então estamos correndo e nos escondendo. O pecado produz alienação entre o homem e Deus. As sementes da primeira guerra foram plantadas no coração dos pais da raça humana quando eles pecaram. A razão de existir abuso no lar, a razão da violência nas ruas, a razão de existir tanta hostilidade neste mundo é porque o pecado contaminou o coração humano. O homem alienado de Deus, é também alienado de seu próximo.A alternativa de Satanás, em resumo, produz morte. Todas as sepulturas que nós vemos são um testemunho e um testamento de sua grande mentira, "Certamente não morrereis". Pecado causa morte física, morte emocional e morte espiritual. Mas Deus simplesmente não nos abandonou à morte porque a raça humana se rebelou contra Ele. Não, amigo, desde o princípio, quando o pecado entrou em nosso mundo, Ele tinha um plano, Ele nos mostrou uma saída.Deus deu essa mensagem de advertência à serpente. Veja: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3:15). Amigo, a promessa de Deus é que nós não precisamos continuar sendo derrotados pela Serpente, por Satanás. Ele colocará inimizade entre nós e o inimigo. Nós podemos escapar de seu controle. Como isto pôde acontecer? Como isso aconteceria? Isso aconteceria através da descendência da mulher, Jesus Cristo, o Prometido. Ele viria e esmagaria a cabeça da serpente na cruz; Ele destruiria o poder tirânico de Satanás.Se você alguma vez se perguntou, "Por que Deus não faz alguma coisa a respeito da doença, do pecado, e do sofrimento em nosso mundo?" A resposta é: Ele fez alguma coisa; Ele deu tudo na dádiva de Seu Filho. Jesus pode nos dar a capacidade para viver vitoriosamente, mesmo num mundo dominado pelo pecado.Permita-me dar-lhe um maravilhoso exemplo de como isto acontece.No início falamos da tragédia de Anthony Riggs. E eu gostaria de encerrar com o triunfo de John McCain. Ele esteve também envolvido numa guerra, como piloto no Vietnã. Ele passou cinco anos e meio como prisioneiro de guerra em Hanói, onde ele e muitos outros pilotos suportaram terrível sofrimento.Mas houve um dia, e esse homem lembra claramente, quando eles foram capazes de superar todo aquele abuso e isolamento.Era véspera do Natal de 1971. Alguns dias antes, McCain conseguira uma Bíblia por apenas alguns momentos. Ele copiou apressadamente o quanto pôde de passagens bíblicas sobre a história de Natal, antes de um guarda se aproximar e tomar o livro.Agora, naquela noite especial, os homens decidiram ter o seu próprio culto de Natal. Eles começaram com o "Pai Nosso" e depois cantaram cânticos de Natal. McCain lia uma parte do evangelho de Lucas entre cada hino.Os homens estavam nervosos. Eles lembraram a ocasião, quase um ano atrás, quando os soldados invadiram o culto religioso secreto deles e começaram a bater nos três homens que estavam dirigindo as orações. Eles foram arrastados para o confinamento solitário. O restante foi trancado em celas de um metro por um metro e meio durante onze meses, apenas por terem lido uma passagem bíblica.Mas mesmo assim os prisioneiros queriam cantar naquela véspera de Natal. Então eles começaram: "Chegai-vos, ó crentes, vinde jubilosos". Eles cantavam um pouco mais alto que um sussurro, e olhavam ansiosamente para as grades da janela.Amontoados embaixo de uma lâmpada, eles pareciam mais uma congregação infeliz. Esses homens que outrora haviam sido oficiais magnificamente preparados, agora pareciam desolados e arruinados. Eles tremiam no úmido ar noturno. Muitos tremiam de febre. Alguns estavam permanentemente encurvados como resultado das torturas; outros se apoiavam em muletas improvisadas.Mas eles continuavam cantando e cantando. "Sigamos a estrela nos céus de Belém. Eis que é nascido Cristo Rei dos anjos..."Enquanto o culto prosseguia, os prisioneiros se encorajavam, e suas vozes se erguiam mais e mais altas até que eles encheram as celas com "Glória ao Rei que vos nasceu", e "Soou em meio à noite azul".Alguns dos homens estavam muito doentes para se levantar. Mas outros os levaram para uma plataforma e colocaram cobertores sobre os seus ombros trêmulos. Todos queriam participar dos cânticos que os fizeram se sentir cheios de alegria e triunfantes.Quando eles chegaram em "Tudo é Paz", lágrimas rolaram de seus rostos sem barbear. Como John McCain escreveu: "De repente nós voltamos 2 mil anos e estávamos distantes, em uma vila chamada Belém. E nem guerra, tortura ou aprisionamento... tinham diminuído a esperança nascida naquela noite feliz tanto tempo atrás."Amigo, tente imaginar o quanto estas palavras maravilhosas significaram para aqueles homens.Enquanto os prisioneiros daquela cela no norte do Vietnã cantavam com emoção o último verso: "Dorme sem temor, nosso Salvador" eles se deram conta de que uma transformação havia ocorrido.John McCain expressou desta forma: "Nós esquecemos os ferimentos, a fome e a dor. Elevamos orações de agradecimento pelo bebê Jesus, pelas nossas famílias e lares... Houve um sentimento intenso, sem igual, como se nossos fardos tivessem sido levantados. Num lugar designado a transformar homens em animais violentos, nós nos unimos uns aos outros, partilhando o conforto que tivemos.Que palavras de conforto podemos partilhar com este mundo coberto com tanto joio trágico? Nós podemos cantar um cântico de triunfo. Podemos elevar uma canção de desafio contra o inimigo. Podemos erguer um louvor ao nosso Deus que uniu nossas vidas à Sua. Ele veio a este mundo e sofreu conosco. E nós triunfaremos com Ele um dia.Sim, cheios de alegria e triunfantes, mesmo em meio a tristezas e preocupações.Este é nosso privilégio. Uma vida assim é nosso privilégio quando colocamos nossa fé no Único Rei dos Reis, nascido naquela "Noite de Paz" na pequena cidade de Belém.Ao dar ao Salvador o controle de nossa vida, nós superaremos o sofrimento, as tragédias, as tristezas deste mundo e também cantaremos cânticos de triunfo. Você gostaria de, em meio ao seu sofrimento, abrir o coração para Cristo?
Pr. Finley