sábado, 30 de junho de 2007

A Bateria à Luz da Antropologia e da Bíblia


Vanderlei Dorneles
Casa Publicadora Brasileira


Muitas pessoas entendem a polêmica do uso da bateria[1] no culto a partir da história da utilização de outros instrumentos por parte dos cristãos. Piano, violão e órgão tiveram um período de rejeição e mais tarde terminaram por ser aceitos como adequados à liturgia. O acompanhamento instrumental em si já foi considerado impróprio para a música litúrgica cristã, quando muitos consideravam que o único instrumento adequado à adoração é a voz humana. Da mesma forma, a bateria estaria hoje nesse período de questionamento que terminará com sua aceitação irrestrita dentro da igreja. Mas será que os motivos da polêmica quanto ao uso da bateria são os mesmos dos demais instrumentos? Todos os instrumentos são iguais quanto ao seu potencial no louvor e na influência que exercem sobre a mente? A proposta deste breve artigo é discutir um pouco do significado da bateria (ou tambor) nos cultos antigos e por que ela foi tirada do grupo de instrumentos usados no templo de Salomão. As fontes do estudo são trabalhos de pesquisadores e antropólogos sobre religião e a Bíblia. Interesse especial é dado à relação entre tambor e xamanismo (ou possessão). Essa relação seria mera superstição ou um fato ainda hoje vivido nos cultos pagãos?Tambor e transe, um estudo dos cultos de mistérios, das cerimônias nativas e dos rituais da África esclarecem que (1) a música ritual é basicamente o som do tambor, (2) essa música é acompanhada de dança e (3) o transe é o objetivo pretendido e alcançado com o ritual primitivo. A religião primitiva tem no encontro (possessão) com a divindade seu clímax e sua "virtude". As leis e os hábitos mantidos por essas religiões têm que ver com a expectativa do encontro ou transe. Alimentos, atitudes ou hábitos que dificultam atingir o estado de transe são em geral proscritos. O antropólogo Francisco Sparta, em seu livro A Dança dos Orixás: as relíquias brasileiras da Afro-Ásia pré-bíblica (São Paulo: Harder, 1970), discute amplamente a relação entre dança, tambor e transe. Ele diz que "o transe religioso é provocado pela preparação, pela reclusão, pelas mortificações, pelos banhos, pela dança, pelos tambores" (pág. 50). Falando da cerimônia dos orixás, Sparta diz que "as mulheres dançam, saltam e se agitam" e "os tambores acompanham excitando" a cerimônia e os corpos (pág. 35). Definindo o culto dos orixás, Sparta afirma que "a música e a dança são os principais fatores dos fenômenos de possessão que se observam nestes cultos mágicos". "O ritmo violento dos tambores e a repetição intérmina dos cantos, produzindo fadiga de atenção e amortecimento conseqüente da consciência, levam iniciados a um verdadeiro estado de hipnose. ... A fadiga produzida pela dança prolongada, agravada pelo toque frenético de andarrum, condiciona o estado de vertigem que favorece a hipnose precursora do transe ou possessão" (pág. 57).Num simpósio de psiquiatria transcultural, realizado em 1968 na Bahia e em seguida no Recife, o pesquisador William Sargant argumentou a favor da relação entre tambor e transe místico. Falou da "lavagem do cérebro", como efeito da música percussiva dos rituais de transe. Mostrou "cenas de possessão, filmadas em diferentes regiões da África e da América Latina" e insistiu que o transe "é provocado pela cadência da batidas de tambores". Como ilustração citou o caso "de mulheres, na Inglaterra, que haviam entrado em transe apenas escutando algumas gravações feitas por ele". Concluindo sua apresentação, Sargant afirmou que, "derivado do culto negro é o rock’and’roll, que provoca um efeito semelhante ao transe" (citado por Sparta, págs. 56 e 57).O maior historiador das religiões, do século 20, o romeno Mircea Eliade, também sustenta a mesma idéia. Segundo ele, a obtenção de conhecimentos místicos, nas religiões primitivas, está sempre associada a um êxtase xamânico (ou seja, transe possessivo). Isso "explica a importância capital da música" nos rituais. "Os xamãs preparam o seu transe cantando e tocando tambor" (Mircea Eliade, História das Crenças e das Idéias Religiosas, Tomo I, Vol. II [Rio de Janeiro: Zahar, 1983], pág. 106). Aguiar Bastos, outro antropólogo, diz que "o tambor não é um simples instrumento de ritmo quanto à sua mais antiga tradição ligada às danças sagradas. Ele é, por sua vez, um instrumento de correspondência, isto é, de comunicação entre o homem e os seres misteriosos que governam a natureza" (Aguiar Bastos, Os Cultos Mágico-Religiosos no Brasil [São Paulo: Hucitec, 1979], pág. 99). Em seu mais respeitado trabalho sobre as religiões primitivas, Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase, Mircea Eliade acrescenta que "o tambor desempenha papel de primeira ordem nas cerimônias xamânicas. Seu simbolismo é complexo, suas funções mágicas são múltiplas". Ele é "indispensável ao desenrolar da sessão, seja por levar o xamã ao ‘Centro do Mundo’, por permitir que ele voe pelos ares, por chamar e ‘aprisionar’ os espíritos, seja, enfim, por que a tamborilada permite que o xamã se concentre e restabeleça o contato com o mundo espiritual que está prestes a percorrer" (Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase, pág. 194).Na terminologia religiosa do paganismo, o indivíduo que incorpora uma divindade é muitas vezes chamado de "cavalo do orixá", ou seja, alguém em quem o espírito "cavalga". Dada a relação do tambor com os espíritos, também este instrumento é chamado de "cavalo do xamã" (Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase [São Paulo: Martins Fontes, 1998], pág. 199). Som únicoEliade diferencia ainda o tambor dos demais instrumentos musicais que eventualmente tenham alguma participação nos rituais, como aquele que proporciona uma experiência de transe. "O tambor xamânico distingue-se justamente de todos os outros instrumentos da ‘magia do ruído’ por possibilitar uma experiência extática". O historiador acentua o fato de essa experiência ser "preparada, na origem, pelo encanto dos sons do tambor - encanto ao qual se atribui o valor da ‘voz dos espíritos’ - ou de a ela se ter chegado em decorrência da concentração extrema provocada por uma tamborilada prolongada". Ele conclui: "Uma coisa é certa: o que determinou a função xamânica do tambor foi a magia musical" (Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase, pág. 200). As religiões antigas e os cultos nativos estão permeados da idéia do contato com os espíritos e da imortalidade da alma. O ritual é ocasião oportuna não apenas para a incorporação da divindade, mas também para o contato com o espírito dos mortos. Essas práticas foram claramente proibidas por Deus a Israel, tão comuns e difundidas que eram no mundo antigo. Mircea Eliade completa a descrição das propriedades mágicas do tambor como fundamento da ponte entre o ser humano e o mundo espiritual: "De qualquer modo, trata-se sempre de um instrumento (o tambor) capaz de estabelecer algum contato com o ‘mundo dos espíritos’. É preciso entender essa última expressão em seu sentido mais amplo, que engloba não apenas deuses, espíritos e demônios mas também as almas dos ancestrais, os mortos e os animais míticos. O contato com o mundo supra-sensível implica necessariamente concentração prévia, facilitada pela ‘inserção’ do xamã ou do mago em sua indumentária cerimonial e acelerada pela música ritual" (Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase, pág. 205).Muitas pessoas ignoram esse lado místico do tambor, apesar da clara relação entre o instrumento e o transe místico ou fenômeno de possessão ou ainda perda da consciência. O motivo é que as crenças dos antigos têm sido caracterizadas como mera superstição. "A era da razão e a mentalidade científica já demonstraram que tudo isso é apenas mito", afirmam essas pessoas. No entanto, há uma consideração indispensável. O racionalismo qualifica como mito a religiosidade primitiva. E com isso, é fácil de concordar. Mas, da mesma forma que o racionalismo qualifica as crenças pagãs como mito, qualifica também a Bíblia, o poder da fé, o ministério e a ressurreição de Cristo. Logo, se a ciência não tem razão ao dizer que o cristianismo está fundado sobre mitos, também não deve estar certa quando quer desmistificar as demais religiões.Quanto à relação entre som do tambor, danças e manipulação da mente, Ellen White colabora com a seguinte predição: "As coisas que descrevestes como tendo lugar em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ter lugar imediatamente antes do fim do tempo da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas" (Mensagens Escolhidas, vol. II [Casa Publicadora Brasileira], pág. 36). Acrescenta ainda que "Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, se devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente" (Ibid., pág. 37). O que ocorreu em Indiana foi um congresso, onde o louvor foi colaborado com o uso de tambores, ocorrendo algumas experiências de transe.Quanto à função e ao uso difundido do tambor ou qualquer outro instrumento percussivo nas religiões primitivas ou pagãs, não parecem restar dúvidas. Sua função mística e a maneira como favorece a busca do transe ficam bastante claras mediante os textos citados. Possivelmente o que mais dificulta a compreensão do assunto por parte dos cristãos seja a menção do uso do tambor e de danças entre o povo de Israel.O tambor na BíbliaApós a passagem pelo mar Vermelho, Miriam e as mulheres de Israel dançaram ao som de tamboris[2] (Êxodo 15:20). Outras mulheres dançaram com tamboris após vitórias de Saul e Davi (1Samuel 18:6). O Salmo 149 (verso 3) incentiva a louvar ao Senhor com harpa e adufe[3]. A questão a ser respondida é: a menção de um costume mantido ou praticado pelos servos de Deus no passado é suficiente para autorizar o mesmo costume para todos os tempos e lugares? A resposta clara é "não". Pois, os servos de Deus no passado, sob a influência da cultura prevalecente, usaram bebida forte, tiveram mais de uma mulher e mantiveram escravos, entre outras coisas. Da mesma forma que a revelação posterior, corroborada por estudo e reflexão, iluminou esses fatos que aos poucos foram sendo eliminados, a questão da música também deve ser objeto de estudo para compreensão e juízo acertados.Tanto a presença do tambor (ou da percussão) quanto a sua ausência em circunstâncias bíblicas específicas ajudam a indicar possíveis caminhos para a compreensão do assunto.Tambores e danças foram usados em ocasiões festivas, celebradas com danças e muita alegria, segundo o costume da época (ver os textos citados acima). Na condução da arca de Quiriate-Jearim até a casa de Obede-Edom, houve música com tamboris e Davi dançou e se alegrou, ao ritmo da banda (1Crônicas 13:8 e 2Samuel 6:5). Nessa viagem, tudo deu errado. Os bois tropeçaram, a arca quase caiu e Uzá morreu ferido pelo Senhor (1Crônicas 13:8 e 2Samuel 6:5). Davi ficou triste e se perguntou: "Como trarei a mim a arca do Senhor?" (1Crônicas 13:12). Três meses depois, Davi juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom. Desta vez, ele orientou que ninguém conduziria a arca, senão os levitas (1Samuel 15:2). Houve alegria, mas ao contrário da primeira tentativa, desta vez a orquestra não teve tambor, mas harpas, alaúdes[4] e címbalos[5] (1Crônicas 15:16). O transporte deu certo.Davi quis fazer uma casa para Deus, mas não foi permitido. O rei era músico e Deus deu orientações a ele para que tomasse todas as providências para o templo, que Salomão edificaria. Entre essas orientações, Deus determinou os instrumentos (címbalos, alaúdes e harpas) que deveriam fazer parte da música do templo (2Crônicas 7:6 e 29:25). Davi fez instrumentos para serem usados pelos levitas. É significativo o texto de 2Crônicas 7:6, que diz: "...os levitas com os instrumentos músicos do Senhor, que o rei Davi tinha feito, para louvarem ao Senhor...". O artigo plural definido "os" indica um grupo específico de instrumentos, que ainda são qualificados como "do Senhor". Estes são os que Davi fez por ordem de Deus: címbalos, alaúdes e harpas. A lista desses instrumentos aparece em diversas ocasiões, sempre sem inclusão do tambor ou adufe (ver 1Crônicas 25:1 e 6, 16:5, 2Crônicas 5:12 e 13). Os únicos instrumentos que aparecem nas listas dos usados no templo, além dos que foram confeccionados por Davi, são as trombetas (2Crônicas 5:12 e 13 e 29:27).A música que se fez no transporte da arca até Jerusalém, sem uso de tambores, foi chamada de "música de Deus" (1Crônicas 16:41 e 42), enquanto que a banda que deu o ritmo da dança, quando Uzá morreu, não recebeu essa adjetivação (ver 1Crônicas 13:8). No livro de Isaías, há juízos pronunciados contra pessoas que celebravam festas com embriaguez e música com tambores (ver Isaías 5:12 e 24:8 e 9).ConclusõesO uso do tambor tem um propósito claro nos rituais nativos no sentido de preparar o adorador e atrair os espíritos ou orixás. Historiadores e antropólogos afirmam a função mágica da música produzida por ele em função do preparo do transe místico. A única base para se afirmar que a relação entre tambor e transe é supersticiosa é o ceticismo científico, que, contudo, não ignora a virtude da percussão em provocar estados alterados de consciência.O estudo dos textos bíblicos que citam os instrumentos musicais esclarece que o tambor não fazia parte da música do templo, por orientação do próprio Deus a Davi. Sugere também que Deus não proibiu as cerimônias ou celebrações em que as pessoas tocavam tambor e dançavam. Embora não tenha sido reprovada por Deus, os fatos relacionados com o santuário indicam que aquela não era a música ideal para a adoração.A exclusão do tambor no templo pode indicar também que esse instrumento, por sua relação direta com o misticismo pagão e por sua influência no sentido de embotar a consciência e o juízo, deveria estar fora do culto que requer a lucidez da mente para o conhecimento de Deus e compreensão de Sua vontade revelada.Os textos bíblicos não afirmam que o uso da bateria ou do tambor seja pecaminoso, mas os textos de Isaías 5:12 e 24:8 e 9 e os fatos relacionados com o transporte da arca e com a música do templo deixam esse instrumento sem recomendação. À luz de toda a Escritura, o texto de Salmo 149:3 deve ser entendido como uma ordem para adorar a Deus, não como uma ordem para adorar com o adufe, já que muitos outros instrumentos são mencionados.Uma vez que o templo de Israel era uma representação do santuário celestial e do trono de Deus, a música na igreja hoje deve ter sua referência maior na música usada nesse templo. Não só a música do templo, mas tudo a que se fazia ali reproduzia a ordem, a beleza e a perfeição do templo de Deus no Céu. O santuário terrestre representava o templo celestial feito pelo próprio Deus. Portanto, a música a ser executada ali perante o Senhor deveria ser diferente daquela usada nas festas comuns.E na igreja hoje? Ellen White nos lembra que a assembléia dos filhos de Deus aqui na Terra (na igreja) tem o propósito de prepará-los para aquela assembléia mais solene ainda (no santuário celestial). Diz ela: "Para a alma crente e humilde, a casa de Deus na Terra é como que a porta do Céu. Os cânticos de louvor, a oração, a palavra ministrada pelos embaixadores do Senhor, são os meios que Deus proveu para preparar um povo para a assembléia lá do alto, para aquela reunião sublime à qual coisa nenhuma que contamine poderá ser admitida. Da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cristãos devem aprender como considerar o lugar onde o Senhor Se propõe encontrar-Se com Seu povo" (Testemunhos Seletos, vol. II [Casa Publicadora Brasileira], pág. 193).

Notas:[1] Conforme o dicionário Aurélio, bateria é a designação genérica do conjunto dos instrumentos de percussão de uma orquestra ou banda. [2] O tamboril é um instrumento de percussão, uma espécie de cítara com seis cordas percutíveis com uma baqueta, e que serve para acompanhar as danças regionais das Vascongadas (Espanha) e do Béarn (França). O executante percute as cordas com a baqueta na mão direita, e com a esquerda toca o galubé. Também pode indicar a própria dança provençal ritmada pelo tamboril. [3] O adufe é uma espécie de pandeiro (percussivo) quadrado sem soalhas, feito de madeira leve, e com pele retesada dos dois lados. Ou um antigo pandeiro quadrado, de madeira, com dois tampos de pergaminho, que encerram fieiras de soalhas. [4] O alaúde é um antigo instrumento de cordas dedilháveis, de origem oriental, com a caixa de ressonância sensivelmente abaulada, sem costilhas e em forma de meia pêra, e com a pá do cravelhame inclinada, formando ângulo quase reto com o braço longo. [5] Címbalo é a designação de um antigo instrumento de cordas ou um instrumento constituído por dois meios globos de metal que se percutiam um contra o outro; como pratos.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A Trindade na Bíblia

"Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas" – Crença Fundamental nº 2

Gerhard Pfandl
Ph.D., diretor associado do Instituto de Pesquisa
Bíblica da Associação Geral da IASD

A doutrina da Trindade (do latim trinitas = "triunidade" ou "três-em-unidade") é uma das mais importantes doutrinas da fé cristã. Mas ultimamente alguns têm questionado sua validade. Por exemplo, em uma monografia, Fred Allaback argumenta que "a Igreja Adventista do Sétimo Dia não cria na doutrina da Trindade até muito tempo depois da morte de Ellen G. White".1 "Os pioneiros adventistas", escreveu ele, "acreditavam que em um ponto longínquo da eternidade somente um Ser divino existia. Então esse Ser divino teve um Filho."2 Dessa forma, Cristo teve um começo. Com respeito ao Espírito Santo, Allaback crê que Ele é o Espírito de Deus e de Cristo; não um outro Ser divino.3
A mesma visão é adotada por Bill Stringfellow,4 Rachel Cory-Kuehl5 e Allen Stump.6 Todos esses ensinam que em um ponto no tempo Jesus não existia; e que o Espírito Santo é apenas uma força. Stringfellow diz: "Houve um certo e específico dia quando Deus deu à luz Seu Filho ... Houve um tempo (embora seja impossível identificá-lo precisamente no passado) quando Cristo não existia."7

O MISTÉRIO

Embora a palavra Trindade não seja encontrada na Bíblia (nem a palavra encarnação), o ensinamento que ela descreve é encontrado ali. A doutrina da Trindade estabelece o conceito de que há três Seres plenamente divinos: Pai, Filho e Espírito Santo, que formam um Deus.8 Por sua vez, Ellen White usa o termo "Divindade" que é encontrado em Romanos 1:20 e Colossenses 2:9. Através dessa palavra ela transmite a mesma idéia contida no termo Trindade, ou seja, há três Seres viventes na Divindade. Segundo uma de suas declarações, "há três pessoas vivas pertencentes ao Trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo".9
O próprio Deus é um mistério,10 quanto mais a encarnação ou a Trindade.
Entretanto, isso não deveria nos embaraçar, já que os diferentes aspectos desses mistérios são ensinados nas Escrituras. Embora não possamos compreender tudo sobre a Trindade, necessitamos tentar entender, tanto quanto possamos, o ensino bíblico a seu respeito. Todas as tentativas para explicá-la serão insuficientes, "especialmente quando refletimos sobre a relação das três pessoas com essência divina ... todas as analogias são limitadas e nós nos tornamos profundamente conscientes de que a Trindade é um mistério muito além da nossa compreensão. É a incompreensível glória da Divindade".11
Portanto, é sábio admitir que o homem "não pode compreendê-la nem torná-la compreensível. É compreensível em algumas de suas relações e modos de se manifestar, mas ininteligível em sua natureza essencial".12 Certos elementos se tornarão claros, e outros permanecerão um mistério, pois "as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei" (Deut. 29:29). Onde não temos uma palavra clara das Escrituras o silêncio é ouro.13
NO ANTIGO TESTAMENTO

Algumas passagens do Antigo Testamento sugerem, ou implicam, a existência de Deus em mais de uma pessoa. Quando não necessariamente em uma Trindade, pelo menos em duas pessoas.
Gênesis 1. No relato da criação em Gênesis 1, a palavra traduzida como Deus é ’Elohim, a forma plural de ’Eloha. Geralmente essa forma é interpretada como um plural de majestade ao invés da idéia de pluralidade. Entretanto, G. A. F. Knight argumenta que essa interpretação corresponde a ler um conceito moderno no texto hebraico antigo, desde que os reis de Israel e Judá são tratados na forma singular, no relato bíblico.14 Knight aponta que as palavras hebraicas para água e céu também são plurais. Os gramáticos nomeiam esse fenômeno como plural quantitativo. A água pode aparecer em forma de pequenas gotas ou grandes oceanos. Essa diversidade quantitativa em unidade, segundo Knight, é uma forma adequada de compreender o plural ’Elohim. E também explica por que o substantivo singular ’Adonai é escrito como plural.15
Em Gênesis 1:26, lemos: "Também disse Deus [singular]: Façamos [plural] o homem à nossa [plural] imagem, conforme a nossa [plural] semelhança..." O que é significativo aqui é a mudança do singular para o plural. Moisés não está usando o verbo no plural com ’Elohim, mas Deus está usando um verbo e um pronome no plural, em referência a Si mesmo. Alguns intérpretes acreditam que Deus está falando aqui de anjos.
Mas, de acordo com as Escrituras, os anjos não participaram da criação. A melhor explicação é que, já no primeiro capítulo de Gênesis, há uma indicação de pluralidade de pessoas em Deus.
Deuteronômio 6:4. De acordo com Gênesis 2:24, "deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só [’echad] carne". É uma união de duas pessoas distintas. Em Deuteronômio 6:4, é usada a mesma palavra em relação a Deus: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único [’echad] Senhor." Segundo Millard J. Erickson, "aparentemente alguma coisa está sendo afirmada aqui sobre a natureza de Deus – Ele é um organismo, isto é, uma unidade de partes distintas".16 Moisés bem poderia ter usado a palavra yachid ("um"; "único"), mas o Espírito Santo escolheu não fazê-lo.
Outros textos. Após a queda do homem, Deus disse: "Eis que o homem se tornou como um de nós" (Gên. 3:22). E algum tempo depois, quando o homem começou a construir a torre de Babel, o Senhor ordenou: "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem" (Gên. 1:7). Em cada caso, a pluralidade da Divindade é enfatizada.
Em sua visão do trono de Deus, Isaías ouviu o Senhor perguntando: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" (Isa. 6:8). Aqui encontramos Deus usando o singular e o plural na mesma sentença. Muitos eruditos modernos tomam isso como uma referência ao Concílio Celestial. Mas, pediria Deus algum conselho às Suas criaturas? Em Isaías 40:13 e 14, Ele parece refutar essa noção. Deus não necessita aconselhar-Se nem mesmo com criaturas celestiais. Portanto, o uso do plural em Isaías 6:8, embora não especifique a Trindade, sugere que há uma pluralidade de seres no Orador.
O anjo do Senhor. A frase "anjo do Senhor" aparece 58 vezes no Antigo Testamento. "O anjo de Deus" aparece onze vezes. A palavra hebraica para "anjo" – mal’ak – significa mensageiro. Se o "anjo do Senhor" é Seu mensageiro, então deve ser distinto do Senhor. Todavia, em alguns textos, o "anjo do Senhor" também é chamado "Deus" ou "Senhor" (Gên. 16:7-13; Núm. 22:31-38; Juí. 2:1-4; 6:22). Os pais da Igreja identificavam esse anjo com o Logos pré-encarnado. Eruditos modernos vêem-nO como um Ser que representa Deus, como o próprio Deus, ou como algum poder externo de Deus. Por sua vez, eruditos conservadores geralmente aceitam que "este ‘mensageiro’ deve ter sido como uma manifestação especial do Ser do próprio Deus".17 Se isso é correto, temos aqui outra indicação da pluralidade de pessoas na Divindade.
NO NOVO TESTAMENTO

A verdade, na Bíblia, é progressiva. Por isso, é no Novo Testamento que encontramos um quadro mais explícito da natureza trinitária de Deus. A declaração de que Ele é amor (I João 4:8) implica que deve haver uma pluralidade dentro da Divindade, considerando-se que o amor só pode revelar-se em um relacionamento pluralístico.
Por ocasião do batismo de Jesus, encontramos os três membros da Divindade em ação ao mesmo tempo: "Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se Lhe abriram os Céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre Ele. E eis uma voz dos Céus que dizia: Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo" (Mat. 3:16).
Eis uma notável manifestação da doutrina da Trindade. Ali estava Cristo em forma humana, visível a todos; o Espírito Santo desceu sobre Ele na forma de uma pomba; e a voz do Pai foi ouvida dos Céus: "Este é o Meu Filho amado, em quem me comprazo". Em João 10:30 Cristo fala de Sua igualdade com o Pai, e em Atos 5:3 e 4, o Espírito Santo é identificado como Deus. É impossível explicar a cena do batismo de Jesus por qualquer outra maneira senão assumindo que há três pessoas, iguais em natureza ou essência divina.
No batismo, o Pai referiu-Se a Jesus como "Meu Filho amado". Essa filiação, entretanto, não é ontológica, mas funcional. No plano da salvação, cada membro da Trindade aceitou um papel específico, com o propósito de cumprir um alvo particular. Não se trata de mudança de essência ou status. Millard J. Erickson o explica desta maneira:
"O Filho não Se tornou inferior ao Pai durante a encarnação, mas subordinou-Se funcionalmente à vontade do Pai. Semelhantemente, o Espírito Santo agora está subordinado ao ministério do Filho (ver João 14-16) bem como à vontade do Pai, mas isso não implica inferioridade em relação a Eles."18 No pensamento ocidental, os termos "Pai" e "Filho" contêm a idéia de origem, dependência e subordinação. Na mente oriental ou semítica, entretanto, eles enfatizam igualdade de natureza. Assim, quando as Escrituras falam de "Filho" de Deus, estão afirmando a divindade de Cristo.
Ao terminar Seu ministério terrestre, Jesus ordenou aos discípulos: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mat. 28:19). Nessa comissão, nota-se claramente a Trindade. Primeiramente, notamos que a frase "em nome" [eis to onoma] é singular, não plural (nos nomes). Ser batizado em nome de três pessoas da Trindade significa identificar-se com tudo o que Ela representa; comprometer-se com o Pai, Filho e Espírito Santo.19 Em segundo lugar, a união desses três nomes indica que o Filho e o Espírito Santo são iguais ao Pai. Seria estranho, para não dizer blasfemo, unir o nome do Deus eterno com um "ser
criado" e uma "força" ou "energia" na fórmula batismal.
"Quando o Espírito Santo é colocado na mesma expressão e no mesmo nível das outras duas pessoas, é difícil evitar a conclusão de que Ele também é visto como sendo igual ao Pai e ao Filho."20
Paulo e outros escritores do Novo Testamento geralmente usam a palavra "Deus" para se referir ao Pai; "Senhor", em referência ao Filho, e "Espírito", em referência ao Espírito Santo. Em I Coríntios 12:4-6, o apóstolo fala dos três no mesmo texto: "Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos." Da mesma forma, em II Coríntios 13:13, ele enumera as três pessoas da Trindade, ao mencionar "a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo".
Embora não possamos dizer que esses textos sejam uma enunciação formal da Trindade, eles e outros como, por exemplo, Efésios 4:4-6, são trinitarianos em caráter. E embora a Igreja tenha elaborado os detalhes dessa doutrina em tempos posteriores, ela o fez sobre o fundamento dos escritores bíblicos.
DIVINDADE DE CRISTO

Um elemento crucial na doutrina da Trindade é a divindade de Cristo. Diante do ensinamento de que há um Deus em três pessoas, e que cada uma dessas pessoas é plenamente divina, é importante verificarmos o que as Escrituras ensinam sobre a divindade de Cristo. Existem passagens no Novo Testamento que confirmam a plena deidade de Cristo.
João 1:1-3;14. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." A frase introdutória "no princípio" nos leva de volta ao começo do tempo. Se o Verbo estava "no princípio", então Ele não teve princípio, que é outra forma de dizer que era eterno.
"O Verbo estava com Deus" nos diz que o Verbo era uma pessoa ou personalidade separada. O Verbo não estava em (en) Deus, mas com (pros) Deus. Desde que o Pai e o Espírito Santo são Deus, a palavra "Deus" muito provavelmente inclui esses dois outros membros da Trindade.
"E o Verbo era Deus". O Verbo não era uma emanação de Deus, mas Deus mesmo. Embora o verso 1 não diga quem é o Verbo, o verso 14 claramente O identifica: "E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua
glória, glória como do unigênito do Pai." Como disse Arthur W. Pink, "é impossível conceber uma afirmação mais enfática e inequívoca da deidade absoluta do Senhor Jesus Cristo".21
João 20:28. "Respondeu-Lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu." Essa é a única vez, nos evangelhos, em que alguém se dirige a Cristo, chamando-O de "meu Deus" (ho Theos mou). É significativo que nem Cristo nem João desaprovaram a declaração de Tomé; pelo contrário, esse episódio constituiu um ponto alto da narração do evangelista, que imediatamente fala a seus leitores: "Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome" (vs. 30 e 31). Este evangelho, diz João, foi escrito para persuadir outros indivíduos a imitarem Tomé no reconhecimento de Cristo como "Senhor meu e Deus meu".
Filipenses 2:5-7. Essa passagem foi escrita para ilustrar a humildade. Mas é um dos textos de apoio à divindade de Cristo. "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em forma [morphé] de Deus não julgou como usurpação [harpagmos] o ser igual a Deus; antes a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma [morphé] de servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana..."
Morphé, que significa "forma" ou "aparência visível’, é uma palavra descritiva da natureza genuína, a essência, de uma coisa. "Não se refere a qualquer forma mutável, mas uma forma específica da qual dependem a identidade e o status."22 Morphé contrasta com schema (2:8), que também significa "forma" porém no sentido de aparência superficial, ao invés de essência. O substantivo harpagmos aparece apenas nesse texto, no Novo Testamento, e o verbo correspondente significa "roubar, tirar à força". No grego secular, o substantivo significa "roubo".
O contexto deixa claro que Jesus não cobiçou, não tentou roubar "o ser igual a Deus"; não tentou agarrar-Se à igualdade com Deus a qual Ele possuía intrinsecamente. Em outras palavras, não tentou reter Sua igualdade com Deus pela força. Em vez disso, "tratou-a como uma oportunidade para renunciar qualquer vantagem ou privilégio decorrentes; como uma oportunidade para auto-empobrecimento e sacrifício próprio sem reserva".23 Esse é o significado da expressão "antes a Si mesmo Se esvaziou". Sua igualdade com Deus era algo que Ele possuía intrinsecamente; e alguém igual a Deus deve ser Deus. Assim, essa "é uma passagem que demanda a compreensão de que
Jesus era divino no mais pleno sentido".24
Colossenses 2:9. "Porquanto nEle habita corporalmente [somatikos] toda a plenitude [pleroma] da Divindade." O termo grego pleroma tem o significado básico de "plenitude", "plenamente". No Antigo Testamento ele é aplicado à plenitude da Terra ou do mar (Sal. 24:1; cf. 50:12; 89:11; 96:11; 98:7), que é citada em I Coríntios 10:26. No grego secular, pleroma referia-se à totalidade da tripulação de um navio, ou à quantia necessária para completar uma transação financeira. Em Colossenses 1:19 e 2:9, Paulo usa a palavra para descrever a soma total de cada função da divindade.25
Essa plenitude habita corporalmente em Cristo, mesmo durante Sua encarnação, Ele reteve todos os atributos essenciais da divindade, embora não os empregasse em benefício próprio. "... Foi claramente visto que a divindade habitava na humanidade, pois através do invólucro terrestre, vez após vez cintilavam lampejos de Sua glória."26
Tito 2:13. Paulo descreve os santos como "aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus". Notemos que: 1) De acordo com uma regra da gramática grega, o artigo o antes de "Deus" e "Salvador" une esses dois substantivos como designações do mesmo objeto. Assim, Jesus Cristo é "o grande Deus e Salvador". 2) Todo o Novo Testamento aguarda a segunda vinda de Cristo. 3) O contexto do verso 14 fala apenas de Cristo. 4) Essa interpretação está em harmonia com outras passagens, tais como João 20:28; Rom. 9:5; Heb. 1:8; II Ped. 1:1, de modo que esse texto é mais uma afirmação da divindade de Cristo.
Mateus 3:3. "... Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor." De acordo com o verso 1, esse texto de Isaías refere-se a João Batista que era o precursor do Messias. Em Isaías 40:3, a palavra traduzida como "Senhor" é Yahweh. Assim, o Senhor cujo caminho João prepararia não era outro senão o próprio Jeová.
Romanos 10:13. "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." O contexto (vs. 6-12) deixa claro que, ao se referir ao "nome do Senhor", Paulo está pensando em Cristo. O texto é uma citação de Joel 2:32, onde novamente a palavra Senhor é tradução do hebraico Yahweh.
Hebreus 1:8 e 9. "O Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre... por isso Deus, o Teu Deus Te ungiu..." Neste capítulo, são usados sete textos do Antigo Testamento para apoiar o argumento de que Cristo é superior aos anjos. O quinto texto, citado nos versos 8 e 9, é Sal. 45:6 e 7, onde um rei da casa de Davi é mencionado como "Deus". Seria isto uma hipérbole poética, como algumas vezes é encontrada em cortes orientais, ou está o texto apontando para outra pessoa além do Antigo Testamento, príncipe da casa de Davi?
Para os poetas e profetas hebreus, um príncipe da casa de Davi era o vice-regente do Deus de Israel; pertencente à dinastia à qual Deus fizera promessas especiais ligadas ao cumprimento de Seu propósito no mundo. Ao lado disso, o que era apenas parcialmente verdadeiro na linhagem e no governo histórico de Davi, ou mesmo em sua pessoa, deveria ser compreendido plenamente quando aparecesse o filho de Davi, no qual todas as promessas e ideais associados com a dinastia deveriam ser incorporados. Agora, finalmente, o Messias aparecera. Em sentido pleno, era possível para Davi, ou qualquer dos seus sucessores, que este Messias pudesse ser referido não apenas como Filho de Deus (v. 5), mas como realmente Deus, pois Ele é o Messias da linhagem de Davi, a refulgente glória de Deus e a própria imagem de Sua substância.27
Todas essas passagens indicam que Cristo e Yahweh são um.
AUTOCONSCIÊNCIA DE JESUS
Cristo nunca afirmou diretamente Sua divindade, mas dizia ser o Filho de Deus (Mat. 24:36; Luc. 10:22; João 11:4). E, de acordo com a idéia hebraica de filiação, tudo o que o pai é o filho também é. Os judeus entenderam que assim Ele estava reivindicando igualdade com o Pai: "Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-Lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era Seu próprio Pai, fazendo-Se igual a Deus" (João 5:18; cf. 10:33).
Repetidas vezes Cristo disse possuir o que só pertence a Deus. "Ele falou dos anjos de Deus (Luc.12: 8 e 9; 15:10) como Seus anjos (Mat. 13:41). Referiu-Se ao reino de Deus (Mat. 12:28; 19:14 e 24; 21:31 e 34) e aos eleitos de Deus (Mar. 13:20) como Suas propriedades."28 Em Lucas 5:20 Jesus perdoou os pecados do paralítico, e os judeus, com base em Isaías 43:25, argumentaram: "Quem pode perdoar pecados senão Deus?" Dessa forma, a ação perdoadora de Jesus O identificava como Deus.
A divindade de Cristo também é indicada no uso que fez do tempo presente em Sua resposta aos judeus: "Antes que Abraão existisse [genesthai] Eu sou [ego eimi]" (João 8:58). Ao usar o termo genesthai – "nascesse" ou "se tornasse" – e ego eimi – "Eu sou" –, Jesus contrasta Sua existência eterna com o início histórico da existência de Abraão. Pelo menos os judeus compreenderam dessa maneira, ou seja, que Jesus reivindicava ser Yahweh, o "Eu sou" da sarça ardente (Êxo. 3:14); por isso, apanharam pedras para matá-Lo (João 8:59).
Finalmente, o fato de que Jesus aceitou adoração evidencia que Ele próprio reconhecia Sua divindade. Depois que Jesus apareceu aos discípulos andando sobre as
águas, "eles O adoraram" (Mat. 14:33). O cego que teve a visão restaurada, depois de lavar-se no tanque de Siloé, "O adorou" (João 9:38). Após a ressurreição, os discípulos foram para a Galiléia onde Cristo lhes apareceu. E eles "O adoraram" (Mat. 28:17).
E Ellen White assegura: "Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. ‘Quem tem o Filho tem a vida.’ I João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente."29
"Falando de Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus."30
TEXTOS DIFÍCEIS

Os antitrinitarianos usam alguns textos para apoiar a idéia de que Jesus, em algum tempo na eternidade, foi gerado, isto é, que Ele teve um começo e que não é absolutamente igual a Deus.
Apocalipse 3:14. Aqui, Jesus, "a Testemunha fiel e verdadeira", é mencionado como "o princípio da criação de Deus", o que leva alguns a interpretarem que Ele foi criado em algum ponto no passado, sendo assim a primeira obra de Deus.
Mas a palavra grega traduzida como "princípio" é arché. Além de "princípio", ela também significa "causa primeira ou principal", "soberano", "regente". O próprio Pai também é chamado "princípio", em Apoc. 21:6.
O mesmo título é novamente aplicado a Cristo em Apoc. 22:13. Embora a palavra arché possa ter um sentido passivo, o que poderia fazer de Jesus o primeiro ser criado, o sentido ativo do termo O torna a "causa principal" o "criador". Que Jesus não é o primeiro ser criado, mas o próprio criador, é o testemunho de outras passagens do Novo Testamento (João 1:3; Col. 1:16; Heb. 1:2).
Provérbios 8:22-31. "Eu nasci..." (v. 24). Argumenta-se que esse verso se refere a Jesus, ensinando que Ele foi nascido ou criado. Mas o contexto da passagem fala da sabedoria, não sobre Jesus. A personificação da sabedoria é uma figura literária que ocorre também em outras partes das Escrituras. Em Salmo 85:10-13, temos "misericórdia e verdade" encontrando-se, "justiça e paz" se beijando. Em Salmo 96:12, "os campos" se alegram, e "todas as árvores dos bosques regozijarão diante do Senhor". (Ver também I Crôn. 16:33; Isa. 52:9; Apoc. 20:13 e 14). Esse tipo de alegoria não deve ser interpretada literalmente. "A personificação é uma figura literária e poética que serve para criar atmosfera e para avivar idéias abstratas e objetos inanimados, ao representá-los como se
fossem seres humanos."31
A personificação do divino atributo da sabedoria começa no capítulo 1: "Grita na rua a sabedoria, nas praças levanta a sua voz" (v. 20). No capítulo 3, é-nos dito que ela "mais preciosa é do que pérolas" e "os seus caminhos são... paz" (vs. 15 e 17). No capítulo 7 ela é chamada "irmã" (7:4); e no capítulo 8, a sabedoria mora junto com a prudência (8:12). Sabedoria personificada também é o tema de Provérbios 9:1-5. Aplicar tais passagens a Cristo exige um modelo alegórico de interpretação que nos leva a métodos incompatíveis com outras passagens. Foi justamente esse tipo de hermenêutica que suscitou a rejeição do método alegórico de interpretação pelos reformadores. É importante notar que nenhum verso dessa passagem é citado no Novo Testamento.
Provérbios 8:22-31 contém imagens poéticas que necessitam ser bem interpretadas. A primeira frase no verso 22 pode ser traduzida como "o Senhor me possuiu", "o Senhor me criou", ou "o Senhor me gerou". O significado básico do verbo qanah é "comprar", "adquirir" e "possuir". Mas as outras duas traduções são também possíveis. Além de qanah, duas outras palavras referem-se à sabedoria nesse texto: nasak = "estabelecer" (v. 23) e chil = "nascer" (vs. 24 e 25). O pensamento básico é sempre o mesmo, isto é, a sabedoria estava com Deus antes do início da criação. Se Deus a criou, se foi gerada ou simplesmente possuída, não é o foco. O que é central não é o modo de sua origem, mas sua antiguidade e precedência dentro da criação de Deus. Considerando a linguagem poética e metafórica da passagem, ela não deve ser usada para estabelecimento de qualquer doutrina sobre uma suposta origem de Cristo.
Ellen White, às vezes, aplicou homileticamente Provérbios 8 a Cristo; mas ela usou o texto para apoiar Sua preexistência eterna. Antes de usar Provérbios 8, ela disse que "Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre".32
Colossenses 1:15. Cristo é "o primogênito de toda a criação". Considerando que Ele é chamado primogênito (prototokos), argumenta-se que deve ter tido um começo. Mas o termo "primogênito", nesse texto, é um título e não a definição de uma condição biológica. Segundo 1:16, tudo foi criado por Jesus. Portanto, Ele não poderia criar a Si mesmo.
A palavra "primogênito" tem um significado especial para os hebreus. Em geral, o primogênito era o líder de um grupo de pessoas ou uma tribo, o sacerdote na família, e o único que recebia a herança duas vezes mais que seus irmãos. Ele tinha certos privilégios e responsabilidades. Algumas vezes, entretanto, o fato de que alguém fosse o
primogênito não importava aos olhos de Deus. Por exemplo, embora Davi fosse o filho mais novo, Deus o chamou de "Meu primogênito" (Sal. 89:20 e 27). A segunda linha do paralelismo no verso 27 nos diz que isso significava que Davi devia se tornar o rei mais exaltado. Vejamos também as experiências de Jacó (Gên. 25:25 e 26; Êxo. 4:22) e Efraim (Gên. 41:50-22; Jer. 31:9). Nesses casos, "primeiro", no sentido de tempo, foi desconsiderado. O importante era apenas a distinção e a dignidade de quem era chamado primogênito. No caso de Jesus, esse termo também se refere à Sua posição exaltada e não a um ponto no tempo no qual Ele tenha sido criado.
Em Colossenses 1:18, Cristo é chamado "o primogênito de entre os mortos", embora não o tenha sido cronologicamente. Sabemos que Moisés e outros O precederam. O sentido é que Ele é o preeminente.
João 1:1-3. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus." Alguns dizem que aqui há uma distinção entre Deus o Pai, que é o Deus, e Jesus, que é apenas um deus. O termo grego para Deus (theos) é encontrado com artigo (ho), "o Deus", ou sem artigo, "deus" ou "Deus". Em João 1:1-3, o Pai é chamado ho theos ao passo que o Filho é chamado theos. Será que isso justifica a argumentação de que o Pai é Deus Todo-poderoso, enquanto o Filho é apenas um deus menor?
O termo theos sem artigo freqüentemente também é usado para o Pai, inclusive no mesmo capítulo (João 1:6, 13 e 18; Luc. 2:14; Atos 5:39; I Tess. 2:5; I João 4:12; II João 9).
Jesus também é chamado o Deus (Heb. 1:8 e 9; João 20:28). Em outras palavras, o uso do termo Deus, com ou sem artigo, não pode ser argumento para se fazer distinção entre Deus o Pai e Deus o Filho. Deus o Pai é theos e ho theos, assim como o Filho.
Muitas vezes, a ausência do artigo, no idioma grego, denota qualidade especial. Nesse caso, o substantivo não deveria ser traduzido com o artigo indefinido "um".
Se João tivesse usado o artigo definido cada vez em que aparece theos, ele estaria indicando a existência de apenas uma pessoa divina. Mas João 1:1 diz: "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o verbo era theos." Caso tivesse usado apenas ho theos, deveríamos ler: "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com ho theos, e o Verbo era ho theos." Segundo João 1:14, o Verbo é Jesus. Portanto, substituindo "Verbo" por "Jesus" temos a sentença "no princípio era Jesus e Jesus estava com ho theos, e Jesus era ho theos." Ho theos refere-se claramente ao Pai. O texto modificado seria: "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com o Pai, e o Verbo era o Pai." Isso é teologicamente errado. Falando de duas pessoas da Divindade, João não
teve escolha senão usar ho theos uma vez e, na seguinte vez, usar theos. A ausência de artigo no segundo caso não pode ser usada como argumento contra a igualdade entre Pai e Filho.
João 1:14 e 18; 3:16 e 18; I João 4:9. Esses versos falam de Jesus como o Filho unigênito (monogenes) do Pai. Em razão disso, algumas pessoas sugerem que a palavra grega monogenes indica que Jesus foi gerado literalmente.
A palavra monogenes significa "único de uma espécie". Seu uso ocorre nove vezes no Novo Testamento. Três vezes em Lucas (7:12; 8:42; 9:38) sempre se referindo a um único filho. Nos escritos de João, ela aparece cinco vezes (1:14 e 18; 3:16 e 18; I João 4:9), como uma designação do relacionamento de Cristo com o Pai. Em Hebreus 11:17, ela se refere a Isaque como o filho unigênito de Abraão. Sabemos, entretanto, que Isaque não era o único filho do patriarca. Era o único filho da promessa. A ênfase aqui não é sobre o nascimento, mas sobre a unicidade do filho.
O termo normalmente traduzido como "gerado" é gennao. Ele aparece em Hebreus 1:5 e pode estar se referindo à ressurreição ou à encarnação de Cristo. Na versão Septuaginta, a palavra monogenes é a tradução da palavra hebraica yachid, cujo significado é "único" ou "amado" (cf. Mar. 1:11, em conexão com o batismo de Jesus).
Não é claro se monogenes se refere apenas ao Senhor ressuscitado, histórico, ou também ao Senhor preexistente. Mas é interessante notar que nem João 1:1-14, nem 8:58 e nem o capítulo 17 usam o termo Filho para o Senhor preexistente.
Mateus 14:33. "És Filho de Deus!". Esse é um título messiânico (Sal. 2:7; Atos 13:33; Heb. 1:5), que enfatiza a deidade de Jesus. Embora seja um dos muitos títulos que possuía, Ele o usava muito raramente para referir-Se a Si mesmo (João 11:4). Na tentativa de compreender quem era Cristo, todos esses títulos necessitam ser investigados para termos um quadro coerente. Que o título "Filho de Deus" salienta a divindade de Jesus é evidente em João 10:29-36. Isso é apoiado posteriormente pelo fato de que o Filho é a exata imagem de Deus, sendo igual ao Pai (Col. 1:15; Heb. 1:3; Filip. 2:6)
A palavra "Filho" tem um amplo significado na linguagem original. Portanto, não é possível reduzi-la aos limites de idiomas modernos, dando-lhe um significado literal. A filiação de Jesus é atestada em conexão com o Seu nascimento (Luc. 1:35), batismo (Luc. 3:22), transfiguração (Luc. 9:35) e ressurreição (Atos 13:32 e 33). A Bíblia silencia quanto a se esses títulos descrevem o eterno relacionamento entre Pai e Filho. Em qualquer caso, as Escrituras atribuem existência eterna a Jesus (Isa. 9:6; Apoc. 1:17 e 18).
Durante a encarnação, Jesus subordinou-Se voluntariamente ao Pai, sendo o Filho de Deus. Isso incluiu a entrega de prerrogativas, mas não a natureza da deidade. O Senhor ressuscitado, ao ser entronizado como Rei e Sacerdote, também aceitou voluntariamente a prioridade do Pai, mas Ele e o Pai são, conforme a Escritura, personalidades iguais e coeternas da Divindade.
O ESPÍRITO SANTO
Que o Espírito Santo é uma pessoa divina, igual em substância, poder e glória com o Pai e o Filho, podemos observar nas Escrituras.
É um Ser pessoal. Alguns crêem que o Espírito Santo é um "poder" ou uma "energia" de Deus. Mas há muitos versos onde o Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mat. 28:19; I Cor. 12:4-6; II Cor. 13:14). Isso indica que o Pai e o Filho são pessoas; portanto, o Espírito Santo deve também ser uma pessoa. Freqüentemente, o pronome masculino "Ele" é usado em referência ao Espírito Santo (João 14:26; 15:26; 16:13 e 14), embora a palavra grega para Espírito (pneuma) seja neutra e não masculina. A palavra "consolador" ou "confortador" (parakletos) refere-se a uma pessoa, não a uma força.
O Espírito Santo fala (Atos 8:29), ensina (João 14:26), dá testemunho (João 15:26), intercede por outros (Rom. 8:26 e 27), distribui dons (I Cor. 12:11) e proíbe ou permite certas coisas (Atos 16:6 e 7). De acordo com Efés. 4:30, o Espírito Santo pode também ser entristecido. Essas atividades são características de uma pessoa, não de uma força.
É Deus. As Escrituras vêem o Espírito Santo como Deus. Desde a eternidade de Deus o Espírito Santo participa da Divindade como Seu terceiro componente. Em Mat. 28:19, os discípulos foram ordenados a batizar "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Esse verso coloca o Espírito Santo em igualdade com o Pai e o Filho. Ao repreender Ananias, Pedro lhe disse que mentindo ao Espírito Santo, ele tinha mentido "não a homens mas a Deus" (Atos 5:3 e 4).
"O Espírito Santo é onipotente. Ele distribui dons espirituais ‘como Lhe apraz, a cada um individualmente’ (I Cor. 12:11). Ele é onipresente; habitará com Seu povo para sempre (João 14:16). Ninguém pode fugir à Sua influência (Sal. 139:7-10). Ele também é onisciente, porque ‘a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus’ e ‘as coisas de Deus ninguém conhece, senão o Espírito de Deus’ (I Cor. 2:10 e 11)."33
Ellen White acreditava na personalidade do Espírito Santo: "Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está
andando por esses terrenos."34
Vimos então que a Divindade existe em uma pluralidade; que Jesus é Deus, coexistente desde a eternidade com o Pai, e que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade. Há muitos outros detalhes sobre o tema, os quais somente no Céu entenderemos plenamente.
Textos difíceis da Bíblia são melhor compreendidos em harmonia com o restante da Escritura. Embora o mistério da Trindade nunca possa ser completamente entendido pelo homem finito, é uma doutrina bíblica, apoiada por escritos de Ellen White e é uma das 27 crenças fundamentais da Igreja.

Fonte: Revista Ministério – março/abril de 2005, pp. 15-22
Referências:
1. Fred Allaback, No Leaders ... No New Gods (Creal Spring, Ill, 1966), pág. 11.
2. Ibidem, pág. 15.
3. Ibidem, pág. 30.
4. Bill Stringfellow, Tue Red Flag Is Waving (Spencer, TN: Concerned Publications, s/d).
5. Rachel Cory-Kuehl, The Persons of God (Aggelia Publications, 1966).
6. Allen Stump, The Foundation of Our Faith (Smyma Gospel Ministry, s/d).
7. Bill Stringfellow, Op. Cit., pág. 15.
8. W. Grudem, Systematic Theology (Zondervan, 1994), pág. 226.
9. Ellen G. White, Evangelismo, pág. 615.
10. ___________, Testimonies For the Church, vol. 8, pág. 295.
11. Louis Berkhof, Systematic Theology (Eerdmans, 1941), pág. 88.
12. Ibidem, pág. 89.
13. Escreveu Ellen White: "Há muitos mistérios que não busco compreender nem explicar; eles são muito elevados para mim e para vocês. Em alguns desses pontos, o silêncio é ouro" (Manuscrito 14, pág. 179).
14. G. A. F. Knight, A Biblical Approach to the Doctrine of the Trinity (Edimburgo, 1953), pág. 20.
15. Ibidem.
16. Millard J. Erickson, Christian Theology (Baker, 1983), vol. 1, pág. 329.
17. G. Ch. Aalders, Genesis (Zondervan, 1981), pág. 300.
18. Millard J. Erickson, Op. Cit., pág. 338.
19. Alguns comentaristas acreditam que atrás desta fórmula está a linguagem utilizada para transferência de dinheiro, na era helenista. Desse modo, a fórmula expressa figuradamente que a pessoa batizada é "transferida" para a conta do Senhor e se torna Sua possessão. Outros interpretam "nome" como "autoridade". Nesse caso, a pessoa é batizada pela autoridade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
20. W. Grudem, Op. Cit., pág. 320.
21. Arthur W. Pink, Exposition of the Gospel of John (Zondervan, 1945), pág. 22.
22. W. Poehlmann, Exegetical Dictionary of the New Testament (Eerdmans, 1981), vol. 2, pág. 443.
23. F. F. Bruce, Philippians, Hendrickson, 1989), pág. 69.
24. Leon Morris, The Lord from Heaven: A Study of the New Testament Teaching in the Deity and Humanity of Jesus (Eerdmans, 1958), pág. 74.
25. Alguns comentaristas definem pleroma em termos do pensamento gnóstico, segundo o qual essa palavra significa uma nova emanação que se tem encarnado no Redentor.
26. John Eadie, Colossians, Classic Commentary Library (Zondervan, 1957), pág. 145.
27. F. F. Bruce, Hebrews (Eerdmans, 1964), págs. 19 e 20.
28. Millard J. Erickson, Op. Cit., pág. 326.
29. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 530.
30. ___________, Evangelismo, pág. 615.
31. Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster Press, 1986), pág. 85.
32. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 247.
33. Seventh-day Adventists Believe (Hagerstown, 1988), pág. 60.
34. Ellen G. White, Evangelismo, pág. 616.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A Verdade Liberta

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (João 8:32)

Mas, o que é verdade? O dicionário nos diz: “verdade é a conformidade com o real. Coisa verdadeira. Princípio certo”. Para conhecermos a verdade, nós temos que saber diferenciar o verdadeiro do falso.

Verdade X Engano.

Certa vez um senhor tentou passar-me uma nota de cinqüenta reais falsa; a nota não tinha as características de uma nota verdadeira, era uma cópia encima de uma nota antiga. Eu disse àquele senhor que a nota não tinha nenhum valor, porque era uma nota falsa. Ele argumentou que alguém também tinha lhe passado a tal nota, mas ele não soube diferenciá-la como falsa. Depois de eu lhe ter demonstrado as características da verdadeira, ele então compreendeu o engano. Não só existem pessoas de má fé enganando os outros com notas falsas, como há muitos outros tipos de enganos.
Pessoas sinceras estão sendo enganadas todos os dias, de varias maneiras. Pessoas de má fé fazem o uso do engano, da mentira, da distorção para enganar o próximo e serem bem sucedidas às custas de indivíduos mal informados ou de pouco conhecimento.
No mundo religioso vê-se o grande crescimento de igrejas e seitas que pregam a prosperidade através da fidelidade e fé. Nestas igrejas são prometidas curas, enriquecimento e exorcismo; que depois, são apresentados diante de seus fiéis como sendo as mais ricas bênçãos de Deus. Acreditando nisso, muitos são levados a darem tudo o que possuem, acreditando que Deus lhes dará mil vezes mais. Com fervorosos apelos, os dirigentes destas igrejas levam os seus fiéis a ficarem escravos de seus próprios desejos de riquezas. Eu conheci uma jovem que passou a freqüentar uma dessas igrejas, aonde chegou a ponto de doar todo o seu salário e até mesmo um lindo relógio que havia ganhado de sua mãe, como presente de aniversario. Sabe-se de inúmeros casos de pessoas que se envolvem em dívidas e perdem tudo o que têm por acreditarem nas falsas promessas.
Os mais perigosos enganos do mundo são as meias-verdades. Com as meias-verdades, milhões de pessoas são enganadas todos os dias. Hoje uma das maiores fontes de renda são as igrejas que usam as meias-verdades para enganarem os seus fiéis. A arrecadação dessas dominações ultrapassa a arrecadação de uma das maiores rede de supermercados do mundo.
Falsas promessas de enriquecimento e salvação estão levando, a cada dia, mais pessoas de todos os níveis culturais e econômicos a serem iludidas por esses enganos. Pessoas sinceras que aceitam essas meias-verdades e as têm como regra de fé e prática, pessoas que acreditam que estão realmente fazendo a vontade de Deus e que estão andando na vereda da salvação, mas mal sabem elas que estão trilhando o caminho de engano, da mentira e da perdição. A palavra de Deus nos adverte desses enganos. Está escrito:
“E também houve entre o povo falsos profetas como entre vós haverá falsos ensinadores, que ensinarão heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou trazendo sobre si mesmo repentina perdição e muitos seguirão os seus enganos pelos quais será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comercio de vós com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado a longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme”. (II Pedro 2:1-3).
A Bíblia também nos diz que: “Há um caminho Que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte”. (Provérbios 14:12). O homem, em geral, tem por costume seguir a maioria. Muitos acreditam no ditado popular: “a voz do povo é a voz de Deus”. Com isso muitos aceitam os enganos e mentiras ensinadas pela maioria, como sendo a mais pura verdade e seguem de olhos fechados as tradições e ensinamentos de seus antepassados, não se preocupam em saber se seus antepassados estavam ou não com a verdade. É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem: “eu nasci nesta religião e não mudo”. Você já parou para pensar que o homem é o único ser criado por Deus aqui na Terra que tem a capacidade de pensar, e mesmo assim não usa esse dom com sabedoria?

Qual é o melhor caminho?

O ser humano quase sempre prefere receber o que já está pronto, do que questionar, descobrir por si mesmo e pesquisar. Você já reparou que quando uma pessoa se muda para uma nova residência, ao chegar, uma das primeiras providencias tomadas é colocar a antena da televisão, e para isso, o que ela faz é observar a posição das antenas dos seus vizinhos. Então ela sobe no telhado, coloca a antena e confere se a imagem ficou boa; se ficou, ótimo! Se não, paciência! Afinal todos têm suas antenas voltadas para o mesmo lugar, não é? Mas quem garante que essa é a melhor direção? Por que não experimentar uma nova posição?
E você, qual é o conceito que você tem das pessoas, de Deus, da Bíblia e da religião à qual você pertence? O conhecimento da Bíblia que você possui, você tem certeza que é o melhor? É a verdade? Em que você baseia a verdade? Nos ensinamentos da sua igreja? No ensinamento de seus pais? Não importa o conceito que você tem em seu coração neste momento, quero somente lhe dizer: se você é uma pessoa sincera que realmente busca a verdade, Deus vai dar-lhe o poder de discernir o que é verdadeiro. Você, então, vai compreender qual é à vontade de Deus. Não endureça o seu coração com preconceitos e idéias formadas ao decorrer de sua vida, mas abra seu coração para que Jesus possa fazer morada em sua vida. Deixe o amoroso e bom mestre ensinar-lhe o caminho da verdade e você verá quão maravilhoso é conhecer a Jesus e ser seu amigo.
Jesus disse: “eu sou o caminho e a verdade e a vida... e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (João 14:6 e 8:32). Não importa sua religião, se você conhece a Bíblia ou não, comesse a questionar, a pensar, a descobrir, e não perca esta oportunidade de conhecer a Jesus de verdade. Talvez você esteja pensando: sou cristão, não mato, não roubo, não prejudico a ninguém, sou fiel à minha igreja e sou sincero. Sim, ser sincero não é tudo! Se estivermos sinceros no erro, não há salvação. Volto a afirmar, que a Bíblia nos diz: “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele leva à morte”. (Provérbios 14:12).
Na Bíblia nós temos um bom exemplo, a história de um homem sincero, um homem que estava vivendo sinceramente no engano seguindo as tradições de seus pais e invalidando a palavra de Deus. Apesar de estar no engano, ele achava que estava fazendo o melhor para Deus, trabalhando e dedicando sua vida para a causa de Deus. Assim pensava ele estar fazendo a expressa vontade de Deus, mas mal sabia que estava contra os planos de Deus. Ele estava contra a verdade. Sabe quem era esse personagem? Saulo de Tarso.
Saulo era um sincero fariseu; em sua época ser fariseu era um privilégio, em nossa época, ser chamado de fariseu é uma ofensa. O dicionário diz: “ser fariseu é ser hipócrita”. Na época de Saulo o farisaísmo era uma das principais religiões. Eles eram, diziam-se, os portadores da verdade, a lei e os profetas, que na época formavam o Antigo Testamento, como nós conhecemos hoje, isto é a palavra de Deus; eles a invalidaram para guardarem as tradições e preceitos humanos, os quais assim seguindo, fez com que endurecessem os seus corações. Não dando ouvidos às advertências da palavra de Deus, afastaram-se da verdade. Quando Jesus na plenitude dos tempos, cumprindo as profecias, nasceu em uma manjedoura, na cidade de Belém da Judéia, os principais responsáveis pela verdade deveriam estar atentos às profecias, com o coração livre de idolatria e prontos para receberem o salvador do mundo, o Messias prometido. Ao contrario, estavam envolvidos em idolatria, tradições e mentiras. Eles estavam preocupados com as riquezas e o louvor das multidões; assim estavam os que se diziam ser os portadores da verdade. Eles tinham a verdade, mas não a obedeciam. Abandonaram a verdade para viver no engano e assim levaram muitos para esse caminho. Pessoas sinceras, como Saulo, estavam presas ao engano; viviam na prática do erro, pensando que estavam servindo a verdade.
Da mesma forma, em nossos dias, muitos indivíduos assim agem. Pessoas de má fé torcem as escrituras para o seu próprio proveito. O senhor Jesus adverte-nos a respeito dessas pessoas. Está escrito: “Acautelai-vos, porem, dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores”. (Mateus 7:15). Saulo a serviço da igreja, e em nome de Deus, perseguia os cristãos. Quando Estevão, discípulo de Jesus, foi levado para ser apedrejado por causa do testemunho da verdade. Saulo participou do apedrejamento segurando as capas dos carrascos de Estevão. Ali estava um Jovem que tinha conhecido a verdade, e por amor à verdade, estava sendo sacrificado. Depois de um longo discurso em que apresentara a verdade aos principais da igreja, e ter visto a Jesus à direita de Deus Pai, foi para o martírio e da mesma forma que Jesus pediu a Seu Pai que perdoasse os Seus carrascos, Estevão também intercedeu em favor daqueles que estavam tirando a sua vida; pedindo a Deus para não lhes imputar aquele pecado, morreu. Naquele momento Saulo voltou para sua casa, satisfeito por ter realizado o seu dever. Mas passado algum tempo, Saulo Vendo que os cristãos estavam espalhados por outras cidades, foi até o sumo sacerdote e pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram seguidores de Cristo, assim homens como mulheres, os levassem presos para Jerusalém. (Ver Atos cap. 9)
Com as cartas em mãos e acompanhado por alguns soldados, seguindo ele na estrada já próximo de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, “e, caindo por terra, ouviu uma voz que dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues? Ele perguntou: quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem me persegues; mas levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que convém fazer”. (Atos 9:4-6). Agora deparamos com um homem que em toda a sua vida achava estar no caminho da verdade, que sua religião era a expressa vontade de Deus. Agora o vemos no pó da Terra, de joelhos diante do mito que ele perseguia. Percebendo que os cristãos a quem perseguia, em realidade estavam na verdade, Saulo admitiu finalmente que em toda a sua vida tinha sido um erro, uma farsa. Todo o conhecimento, toda a ciência que possuía de nada valiam. Era puro engano.
Tudo leva a crer que Saulo ao presenciar o apredrejamento de Estevão ouvio ele afirmar que Jesus era o Messias, o Salvador que estava à Direita de Deus Pai. Desde aquele momento, o Espírito Santo já trabalhava no coração de Saulo, trazendo à sua mente trechos da Sagrada Escritura que apontavam para o Messias sofredor, que deveria morrer em prol da humanidade pecadora. Tudo indica que Saulo depois da morte de Estevão, deve ter passado algumas noites de insônia, porque as palavras de Estevão não saíam de sua mente: “... Senhor Jesus recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Com estas palavras adormeceu”. (Atos 7: 60). Entretanto Saulo dizia a si mesmo: não! Jesus é uma farsa! Se Ele realmente fosse o Messias, os sacerdotes teriam reconhecido esta verdade. Saulo preferiu crer nos sacerdotes, nas tradições, do que nas Escrituras e na verdade que o Espírito Santo estava mostrando a ele.

Verdades Enlatadas.
Quantos hoje, em nossos dias, têm o mesmo pensamento que Saulo teve, preferem crer nos padres, pastores, sacerdotes, guias espirituais, cartomantes, signos, nova era, etc. do que crer nas Sagradas Escrituras? Muitos! Alguns anos atrás tive a oportunidade de estudar a Bíblia com um amigo; mostrei-lhe que tudo aquilo em que acreditava e seguia como verdade não passava de doutrinas de homens fraudulentos, enganadores, que distorcem as Sagradas Escrituras para o seu próprio deleite e proveito, e que os seus ensinos contradiz a própria Bíblia. A princípio esse meu amigo relutou em aceitar a verdade, mas contra a verdade não há argumento. Ele logo aceitou as verdades bíblicas que eu lhe mostrei. Alguns dias depois ele foi visitar a sua igreja e uma pessoa disse-lhe que tudo que eu havia lhe mostrado era mentira. Ao nos encontrarmos, dias depois, me disse que continuaria em sua igreja, alegando, entre outras coisas, que alguém tinha profetizado que sua esposa gravaria um “CD” e que Deus lhe daria uma camioneta para ele divulgar o trabalho da esposa. Eu lhe perguntei a respeito da verdade, como se sentia desprezando a palavra de Deus, acreditando em um pecador. Disse-lhe, veementemente, o que eu havia lhe mostrado a respeito da verdade não eram palavras minhas e sim a Palavra de Deus, sem torção. Em resposta ele disse-me que o que importava era Jesus e não a Bíblia. E perguntei-lhe: como você pode conhecer a Jesus sem a Bíblia? Os dias passaram e alguns anos depois eu o encontrei. Perguntei-lhe como estava, ele disse-me que tinha passado por grandes problemas e provações; sua mulher o tinha abandonado e fugiu com outro, ele estava passando dificuldades. Fiquei pensando: onde está a profecia? Onde está a esposa e o “CD” e a camioneta? Somente desilusões. Assim acontece com todos que não aceitam a verdade e preferem continuar na mentira.

A Verdade Liberta.
Saulo foi levado cego para Damasco por causa da visão. O Senhor manda Ananias ir falar com Saulo; Ananias fica surpreso, por se tratar de um conhecido perseguidor dos cristãos. Mas obedece à ordem procura a Saulo e diz a ele que o Senhor o havia enviado. Quando Ananias ora por ele caem de seus olhos escamas, Saulo volta a ver. Ele é batizado e passa a se chamar Paulo. Ao se encontrar com Jesus na estrada de Damasco, Saulo encontrou a verdade; e a verdade mudou a sua vida. Paulo tornou-se um grande pregador da verdade levando muitos a conhecê-la. Até hoje suas palavras, inspiradas pelo Espírito Santo, registradas na Bíblia, têm levado milhares de pessoas ao conhecimento da verdade.
Hoje vivemos em uma época difícil, onde o engano, a mentira está em todos os lados; somente com o conhecimento da verdade podemos seguir o caminho certo. “Toda alma que recusa entregar-se a Deus, acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesma. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão. Não lhe é permitido ver a beleza da verdade, pois sua mente se encontra sob o poder de Satanás. Enquanto se lisonjeia de seguir os ditames de seu próprio discernimento, obedece à vontade do príncipe das trevas. Cristo veio quebrar as algemas da escravidão do pecado para a alma. 'Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.' 'A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus nos liberta da lei do pecado e da morte.' Rom. 8:2”. (O Desejado de Todas as Nações, p. 466).
Como nós já vimos a Bíblia diz que "a verdade liberta", mas a verdade só poderá libertá-lo se você aceitá-la e vivê-la em seu coração, caso contrário, ela não terá sido uma verdade para você. Muitos querem conhecer a verdade para se desviar dela, uma das maiores influências para uma pessoa se desviar da verdade é a multidão; foi o que aconteceu com Pilatos. Ele estava diante de Jesus e perguntou o que era a verdade? Mas por causa da influência da multidão teve medo de aceitá-la. Naquele momento pilatos tinha duas atitudes a tomar: aceitar ou rejeitar a verdade. Nossa vida é feita de atitudes que tomamos diariamente; graças a Deus que somos livres para tomar nossas próprias atitudes, mas somos responsáveis por cada atitude que tomamos. Medite na seguinte história:
João era o tipo de pessoa que você gostaria de conhecer. Ele estava sempre de bom humor e sempre tinha algo de positivo para dizer. Se alguém lhe perguntasse como ele estava, a resposta seria logo:
- Se melhorar estraga.
Ele era um gerente especial, pois seus garçons o seguiam de restaurante em restaurante apenas pelas suas atitudes. Ele era um motivador nato. Se um colaborador estava tendo um dia ruim, João estava sempre enfatizando o lado positivo da situação. Fiquei tão curioso com seu estilo de vida que um dia lhe perguntei:
- Você não pode ser uma pessoa tão positiva todo o tempo. Como você faz isso?
Ele me respondeu:
- A cada manhã ao acordar digo para mim mesmo, João, você tem duas escolhas hoje. Pode ficar de bom humor ou de mau humor. Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de ruim acontece, posso escolher bancar a vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido. Eu escolho aprender algo. Toda vez que alguém reclamar posso escolher aceitar a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida.
- Certo, mas não é fácil, argumentei.
- É fácil, disse-me João. A vida é feita de escolhas. Quando você examina a fundo, toda situação sempre há uma escolha. Você escolhe como reagir às situações. Você escolhe como as pessoas afetarão o seu humor. É sua a escolha de como viver a sua vida. Eu pensei sobre o que João disse, e sempre lembrava dele quando fazia uma escolha. Anos mais tarde soube que João cometera um erro, deixando a porta de serviço aberta pela manhã, foi rendido por assaltantes. Dominado enquanto tentava abrir o cofre, sua mão, tremendo pelo nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele. Por sorte ele foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital. Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta ainda com fragmentos de balas alojadas em seu corpo. Encontrei João mais ou menos por acaso. Quando lhe perguntei como estava, respondeu:
- Se melhorar estraga. Contou-me o que havia acontecido perguntando:
- Quer ver minhas cicatrizes?
Recusei ver seus antigos ferimentos, mas perguntei-lhe o que havia passado em sua mente na ocasião do assalto.
- A primeira coisa que pensei foi que deveria ter trancado a porta de trás, respondeu. Deitado no chão, ensangüentado, lembrei que tinha duas escolhas poderia viver ou morrer. Escolhi viver.
- Você não estava com medo? Perguntei.
- Os paramédicos foram ótimos. Eles me diziam que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de emergência e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Em seus lábios eu lia: "esse aí já era". Decidi então que tinha que fazer algo.
- O que fez? Perguntei.
- Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Perguntou-me se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi: "sim". Todos pararam para ouvir a minha resposta. Tomei fôlego e gritei: "Sou alérgico a balas!" Entre as risadas lhes disse: "Eu estou escolhendo viver, operem-me como um ser vivo, não como morto”. João sobreviveu graças à persistência dos médicos, mas também graças à sua atitude. Aprendi que todo dia temos a opção de viver plenamente. Afinal de contas: atitudes é tudo que o homem pode fazer por si mesmo! (Capacitando Sua Liderança, CD Rom).
Você está tendo a oportunidade de conhecer as principais verdades da Bíblia neste livro; verdades que mudaram a minha vida e com certeza poderá mudar a sua vida também. Dependerá de sua atitude diante dessas verdades, Abra o seu coração, permita que o Espírito Santo ilumine sua mente para que você veja e entenda "A Verdade" que liberta.
Primeiro capítulo do livro: Onde está a Verdade?
Autor: Vicente José Pessoa