segunda-feira, 23 de julho de 2007

Outro consolador

Estudo do texto de João 14:16 com ênfase nas palavras
gregas “allos” e “paracleto”

O texto que analisaremos diz o seguinte: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro (allós) Consolador (paracleto), a fim de que esteja para sempre convosco.” (João 14:16).

Em português, temos apenas uma palavra para distinguir um elemento de uma mesma espécie ou de espécie diferente. Por exemplo, se eu disser que quero comprar “outro” carro diferente do que eu tenho, preciso especificar a marca, o modelo. Porque em português a palavra “outro” pode se referir tanto para um “outro igual” ou para um “outro diferente”. Já em grego, quando se quer um “outro igual” se usa a palavra “allós”, mas se quer um “outro diferente” se usa “heterós”.

“No grego existem duas palavras para “outro”: allós significa “outro” da mesma espécie, enquanto heterós significa “outro” de espécie diferente.”

A seguir veremos textos da Bíblia onde a palavra outro – allós, é usada para indicar elementos de uma mesma espécie:

1. “Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra (allós)”. (Mat. 5:39) – outra face da mesma espécie.
2. “Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. Saindo, pois, o outro (allós) discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, falou com a encarregada da porta e levou a Pedro para dentro”.(João 18:16) – João era um discípulo da mesma espécie de Pedro.
3. “Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro (allós) que com ele tinham sido crucificados”. (João 19:32) – outro ladrão da mesma espécie.
4. “Não há salvação em nenhum outro (allós); porque abaixo do céu não existe nenhum outro (allós) nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”. (Atos 4:12) – outro salvador da mesma espécie.

Vejamos alguns textos onde a palavra outro – heterós, é usada para designar um elemento de uma espécie diferente ou natureza diferente.

1. “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro (heterós) evangelho”. (Gal. 1:6) – outro evangelho de natureza e espécie diferente.
2. “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro (heterós), ou se devotará a um e desprezará ao outro (heterós). Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mat. 6:24) – outro senhor de natureza e espécie diferentes.1
3. “Os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro (heterós) rei.” (Atos 17:7) – outro rei, ou seja, Jesus era um rei diferente de César.

Como podemos notar, há uma grande diferença entre allós, outro da mesma espécie, função e natureza, e heterós, outro de espécie, função e natureza diferente. Assim podemos deduzir claramente que Jesus ao afirmar que pediria ao Pai outro (allós) Consolador, estava se referindo a uma personalidade de Sua mesma espécie e natureza.

O termo grego aqui traduzido por “outro” é “allon”, e significa que o Espírito Santo é “outro” ajudador, separado e distinto de Cristo, embora da mesma “espécie, e não uma forma distinta do ajudador. Ele é a continuação do Senhor Jesus entre nós, embora sob uma manifestação ou presença de categoria diferente. Jesus procurou consolar os seus discípulos mostrando-lhes que embora dentro em breve houvesse de ocorrer alguma modalidade de separação entre Ele e seus discípulos no entanto, em outro sentido bem real, Ele haveria de permanecer com eles para todo o sempre, porque o seu “Alter Ego” haveria de descer para estar no meio deles e com eles.2

A palavra “paracleto” traduzida para “Consolador” em João 14:16 é usado no Novo Testamento 5 vezes, aparece apenas nos escritos joaninos (quatro vezes no evangelho: 14:16, 26; 15:26; 16:7; e uma vez na primeira epístola: 2:1). A palavra é formada da preposição pará = ao lado de, junto a; e do verbo kaleo = chamar; significando portanto: chamado para o lado de, alguém chamado para ajudar ao lado de outrem. Paracleto é usado no Novo Testamento tanto para o Espírito Santo quanto para Cristo.3

A palavra paracletos é mais bem entendida como adjetivo verbal passível, indicando alguém que é “chamado ao lado” como ajudador ou defensor, um amigo no tribunal. Já que Jesus menciona outro paracleto fica subentendido que Eles já tinham Um, que só pode ter sido Ele mesmo. Em I João 2:1, de fato, Jesus é chamado de nosso paracleto junto ao Pai; a palavra ali é traduzida apropriadamente advogado, que vem do latim advocatus, o equivalente exato do grego paracletos. Em I João 2:1, todavia, a advocacia de Jesus é exercida no tribunal celestial; na nossa presente passagem está implícito que Ele foi advogado ou paracleto dos discípulos aqui na terra. Ele tinha combatido por eles, ajudando-os; eles puderam contar com Sua orientação e apoio; só que agora Ele estava prestes a deixá-los, Ele estivera com eles por um período curto de tempo, mas o outro paracleto, Seu alter ego, haveria de estar permanente com eles, e não só com eles, mas neles.4

As implicações do fato de o paracleto ser chamado de Espírito da verdade ficarão evidentes nas outras declarações sobre Ele (especialmente em 16:12-15). Como Alter Ego de Jesus, Ele irá ajudar especialmente os discípulos, para compensá-los pela perda da presença visível de Jesus. Nesta posição, Ele não terá nada a oferecer ao mundo – todo o conjunto de incrédulos, que não são capazes de lhe dar valor ou reconhecê-Lo. Na verdade, Ele terá um ministério em relação ao mundo, como transparece em João 16:8-11, mas bem diferente.5

Pr. Vicente Pessoa

Referências
1-Willian Carey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego, 10º ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1991, p. 89.
2-R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado Verso por Verso, vol. 2. São Paulo: Hagnus, 2002, p. 1.933.
3-Pedro Apolinário, Explicação de Textos Difíceis na Bíblia. São Paulo: Seminário Adventista Latino Americano de Teologia de São Paulo, 1984, p. 316.
4-F. F. Bruce, Introdução e Comentários de João, p. 259.
5-F. F. Bruce, Introdução e Comentários de João, p. 259.

domingo, 22 de julho de 2007

Por que Deus diz não?

Conhecer a vontade de Deus é uma das maiores buscas humanas. Alguns a procuram pela reflexão, outros pelo sofrimento, outros ainda através de sua visão pessoal e muitos a buscam na Revelação. Exatamente por se apresentarem tantos caminhos para chegar a um mesmo destino é que este se tornou um tema muito controvertido e incompreendido. O maior risco da busca pela verdade, é trocar a revelação bíblica pelas opiniões ou interesses pessoais. Usar os próprios argumentos para definir o que é certo ou errado, o que Deus quer e o que Ele não quer. Se pudéssemos conhecer a vontade de Deus por argumentos, os mais habilidosos com a palavra ou com a escrita sempre teriam a posição final sobre ela. Aliás, isso é o que está acontecendo no mundo religioso de hoje. As religiões que mais crescem são aquelas que tem líderes e oradores carismáticos, que sabem trabalhar bem as palavras e argumentos. Acabam convencendo as pessoas de que aquilo que falam é a verdade, e arrastam muita gente consigo.
Muitas vezes o risco do “achismo”, a confiança na verdade baseada em opiniões pessoais, aparece entre nós Adventistas. Muitas pessoas, seguras de sua maneira de ver as coisas, dispensam as palavras inspiradas, colocando-as na moldura da desatualização, e confiantes na sua própria argumentação acham que muitas coisas devem ser diferentes do que são. Muitos destes defendem que precisamos nos tornar mais contemporâneos. Temos que nos adaptar a uma nova época. Em meio a toda esta discussão, uma palavrinha tem sido o centro das atenções. De acordo com a maneira que ela é vista, pode ser definida a solução do problema. Esta palavrinha mágica, pequena mas forte é “NÃO”. Qual deve ser a nossa posição quanto ao seu uso? Abolir e adaptar nossos hábitos e crenças? Ou ser ainda mais criteriosos? Vamos voltar um pouco no tempo e chegar à época de Jesus. Assim podemos entender como Ele se relacionou com esta palavra. Segundo Paulo, Cristo veio quando havia chegado a “plenitude dos tempos” (Gálatas 4:4). Em outras palavras, o mundo e a religião estavam tão longe do plano de Deus, que Cristo não poderia esperar mais para consertar a situação.
Se Ele demorasse um pouco mais para vir, possivelmente os homens não teriam mais condições de compreendê-lo. A vida religiosa precisava ser redirecionada. Cristo precisava preparar um povo que O representasse corretamente. Precisava de um movimento que falasse a verdade ao coração do povo. Não é difícil notar que a realidade daquela época é muito parecida com a de hoje - religião confusa, e um povo precisando ser alcançado com a verdade. Sendo que os contextos são semelhantes, é importante observar como Cristo tratou o uso do “NÃO” naquela época. Entendendo Sua postura, poderemos definir melhor a nossa. Dentro do sermão do monte, o discurso de fundação da Igreja Cristã, e o mais abrangente dentre os que estão relatados na Bíblia, Cristo tratou o assunto do “NÃO” (Mateus 5:21-37). É interessante notar que Ele, ao invés de anular ou diminuir, ampliou os limites conhecidos pelo povo. Ele saiu do “NÃO” visível e foi mais longe, entrando no mundo do “NÃO” invisível. Ele foi além do “NÃO” ato, e chegou até o “NÃO” pensamento. Ele terminou essa seção do sermão deixando sua posição clara: “cuidado com a tentativa de encontrar um meio termo para a verdade. Sejam suas posições SIM, SIM e NÃO, NÃO”. A medida que estivermos mais perto da volta de Cristo, Satanás vai criar novas e sutis maneiras de afastar o povo de Deus de Sua vontade. Por isso, mais claras e definidas devem ser nossas posições e crenças. Diante disso, precisamos entender claramente porque Deus diz “NÃO”. Os motivos porque Ele apresenta Sua vontade de maneira tão objetiva e sem aberturas. Esta compreensão vai nos ajudar a aceitar Sua vontade não como imposição, mas como proteção.
Existem pelo menos quatro motivos: Para não brincar com o fogo Deus sabe que muitas coisas aparentemente inofensivas escondem um grande perigo por trás de si. Quando Ele diz “NÃO” para algumas coisas que muitas vezes achamos simples, pequenas ou até desnecessárias, Ele sabe o que mais elas envolvem. Nem sempre conseguimos enxergar isso. Quem brinca com fogo, corre o risco de se queimar. Deus sabe, por exemplo, que um pouco de bebida alcoólica tem um efeito pequeno sobre a mente e o corpo. Por que, então, ela é proibida? Por que não permitir um pouco? Existem várias pesquisas que analisam o risco de quem bebe socialmente se tornar um alcoólatra. A maioria delas indica que 12% vai chegar lá. Parece um percentual pequeno, mas ele representa um sério risco. Deus conhece cada pessoa. Ele sabe que alguns só querem brincar com a bebida, mas poderão cair mais fundo. Outros, quem sabe, podem acabar se tornando viciados em “beber socialmente” porque não conseguem abandonar este hábito. Deus conhece os riscos, por isso diz não. Satanás sempre tenta uma pessoa em seu ponto fraco. Por isso, quando alguém quer adaptar, ou fazer alguma abertura na vontade de Deus, já esta demonstrando que este é seu ponto fraco. Sinal de perigo. A história de Eva se repete. Sempre que alguém quiser enfrentar a tentação do seu jeito, se achando forte para lhe controlar, vai acabar muito mais envolvido do que imaginava. Brincar com o ponto fraco, ou com o fogo, é pedir para se queimar. Me lembro sempre de uma frase que aprendi na escola: “Pequenas oportunidades são o princípio de grandes acontecimentos”. Evitar limites humanos Quando você decide criar sua própria verdade, e faz concessões, qual é o limite delas? As explicações que sempre são ouvidas são: “Um pouco só não tem problema”, “Só vou para ver filmes bons”, “Não vejo problemas com um anelzinho ou uma correntinha discretos”. A pergunta, porém, continua: Até onde vai este “só um pouco”? Quais são os bons filmes que não tem problemas? Qual é o tamanho do anelzinho, ou da correntinha discretos? Se a verdade deixa de ser absoluta, e começam a ser feitas concessões ou aberturas, surgem duas realidades: 1. Cada pessoa cuida de sua vida e estabelece seus próprios limites. A verdade
deixa de ser única, e passa a ser pessoal. Cada um tem a sua. Uns mais rígidos e outros mais liberais. 2. A igreja cria regras para definir até onde vão as aberturas, e quais serão os limites. Ai a verdade passa a ter contornos humanos. Alguém vai definir o que será a verdade, e todos deverão segui-la. Perigo! Não podemos correr o risco de nos tornarmos como os fariseus, com regrinhas e mais regrinhas criadas por homens, nem tornar a religião uma questão apenas pessoal, pois assim colocamos o homem no lugar de Deus. Por isso, Deus diz não. A verdade absoluta é mais segura. Evitar confundir um cristão Somos a única demonstração da vontade de Deus aqui na terra. As pessoas precisam conhecer a Deus olhando para nós. Somos Suas testemunhas. Se não formos exemplos claros, o cristianismo perde sua força. Se no trabalho um jovem Adventista é exatamente igual a todos os outros colegas, que diferença faz ser cristão? Poderá ser reconhecido? Se no Sábado a noite uma garota sai, e sua aparência é igual a das outras que não tem nenhum interesse na vontade de Deus, como Ele pode ser reconhecido nela? Se um garoto está em uma mesa de bar, com uma latinha de cerveja na mão, junto com seus amigos, será possível identifica-lo com um cristão? É preciso sempre lembrar que a transformação operada por Cristo nos torna testemunhas silenciosas. Os outros podem ver Cristo em nós pela maneira como nos apresentamos. Deus não pode correr o risco de fazer concessões para nos parecermos com
as pessoas que não se entregaram a Ele, pois somos as únicas testemunhas dEle neste mundo. Estas testemunhas precisam estar cada dia mais visíveis e fáceis de reconhecer. Para vencer as sutis tentações de satanás Quanto mais perto do fim, mais discretas e sutis serão as tentações de Satanás. Precisamos ser claros e definidos, quanto à verdade, para que ele não tenha espaço. Quando o “NÃO” é substituído pelo “mais ou menos” , ou “um pouco não tem problema”, ou mesmo “não vejo mal nenhum”, fica difícil reconhecer o caminho de Deus, e satanás se aproveita. Quanto menos relativismo, adaptações ou “achismos” houver na verdade, mais eficiente e poderosa ela será.

Erton Köhler

É correto usar Jóias?


O que a Bíblia diz:
Esta e uma questão que tem sido fortemente debatida ultimamente. Não gostaria que minhas palavras viessem a colocar mais lenha na fogueira. Espero espalhar luz, não fogo. Meu desejo é que as pessoas fundamentem sua fé e prática na Palavra de Deus. A Bíblia define bem claramente o assunto da aparência externa do cristão. Mas, infelizmente, muita gente (inclusive igrejas) mantém um estranho silencio nesse tema.
Algumas pessoas tratam o assunto como um problema pequeno. Não duvido até que alguém possa pensar: “com tantos problemas sérios na igreja, porque você quer enfocar alguma coisa tão insignificante e tão aceita por aí?” Por favor, lembre-se: “O que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação” (Lucas 16:15). Freqüentemente, as coisas que parecem pequenas na superfície, são as que tem maiores conseqüências. Creio que isto também é verdade na questão das jóias. Há perigos ocultos e sutis associados ao uso de jóias. Portanto, se você é um cristão convertido, que procura saber como refletir melhor ao Senhor nestes últimos dias, por favor, mantenha sua mente aberta porque vamos raciocinar juntos nas Escrituras.

O Fruto, Não a Raiz!
O poder do evangelho começa no interior, transformando o coração, ainda que invisível aos olhos humanos. Mas logo em seguida ele continua a fluir e infiltrar-se em cada área da vida, produzindo evidentes mudanças externas. Exatamente como uma planta, a semente nasce embaixo da terra. Mas se a raiz é saudável, a planta logo se vai aparecer e produzir frutos acima do solo. Foi Jesus quem disse: “pelos seus frutos os conhecereis” Mat. 7:20. Você notou? Ele não disse, que os cristãos seriam reconhecidos pelas raízes que crescem debaixo da terra, mas pelo fruto, que aparece.
Quando uma pessoa aceita a Cristo como seu Senhor, o Espírito Santo começa a impressiona-la a fazer grandes mudanças. Elas serão visíveis naquilo que está sobre a mesa no lanche e na televisão depois do jantar. De uma estante de livros até a despensa, Jesus deverá penetrar em toda a vida. Quando Ele está no coração, influencia todas as áreas da vida. Este é o ensino básico do cristianismo. O apóstolo Paulo advertiu a Tito sobre aqueles que “professam conhecer a Deus, mas negam-se pelas suas obras” (Tito 1:16). E Tiago é claro, como cristal, ao afirmar que um relacionamento enraizado em Jesus, produzirá evidência externa. “Mas dirá alguém: Tu tens fé; eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem as tuas obras” (Tiago 2:18). Você não pode ser um cristão em seu coração, sem mostrar isso no seu exterior.

Embaixadores de Deus
Nós, a igreja, somos as mãos, os pés, os olhos, a boca, e também os ouvidos de Jesus no mundo de hoje. Somos o corpo de Cristo. Nosso Senhor falou, “assim como o Pai me enviou, eu vos envio” João 20:21. Somos enviados ao mundo, para mostrar quem é Jesus. Através do Espírito Santo, nos tornamos Seus representantes para refletir Sua imagem em tudo; desde o modo como falamos e trabalhamos, até maneira como nos alimentamos e vestimos. Em II Cor. 3:18, Deus diz que “todos nós... somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito Santo do Senhor.” Há alguns anos atrás, escândalos vergonhosos envolveram vários evangelistas na TV bem conhecidos na América do Norte. Aqueles que se opunham a um cristianismo cheio de regozijo, zombaram da imoralidade e hipocrisia, exibidos na vida desses homens e suas mulheres que professavam pregar em nome de Jesus. Durante esse tempo trágico, a mídia secular freqüentemente se referia as suas roupas extravagantes e jóias vistosas, como prova de que esses professos cristãos não eram genuínos. Estes inconstantes pregadores de TV até inspiraram um famoso músico norte americano, a escrever uma canção popular intitulada “Would Jesus wear a Rolex? ”(Jesus usaria um Rolex?). Tenho certeza de que os anjos choraram, tanto quanto alguns líderes cristãos. Devido a sua aparência indecente, tornaram-se alvo fácil para a perdição.

Exibindo Nossa Natureza
Vamos dar uma olhada na origem das jóias. Deus fez todo o ouro, prata, e pedras preciosas do mundo, e pretendia usa-las de maneira prática. Como esses minerais são tão raros e valiosos, mesmo em pequenas quantidades, há muito tempo eles começaram a ser usados como moeda. Com o passar do tempo, o povo começou a “usar” seu dinheiro a fim de impressionar os outros com sua riqueza. Quando os compradores iam ao mercado para comprar algum item caro, eles simplesmente tiravam um de seus anéis ou braceletes, e efetuavam o pagamento. Depois que Rebeca deu a beber aos camelos do servo de Abraão; a Bíblia diz que eles pagaram a ela dessa maneira. “Quando os camelos acabaram de beber, o homem tomou um pendente de ouro, de meio siclo de peso e duas pulseiras para as suas mãos, do peso de dez siclos de ouro” (Gên. 24:22). Quando os filhos de Israel trouxeram uma oferta ao Senhor, para construir o tabernáculo, eles usaram as jóias que tinham recebido dos egípcios. Esse era o seu dinheiro. “Vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração, trouxeram fivelas, pendentes, anéis, braceletes, todos os objetos de ouro. Todo homem fazia oferta de ouro ao Senhor” (Êxodo 35:22). Não há nada de errado, obviamente, com o fato de ter dinheiro. Mas a questão é: Deus deseja que os cristãos usem suas riquezas para que todos vejam? Claro que não. “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim. 6:10. Já que a cobiça é pecado, porque você tentaria um irmão ou irmã a cobiçar o seu dinheiro, que é ostentado a todo mundo? Qual seria o motivo para um cristão fazer isso? Tenho encontrado muitas pessoas sinceras que foram a algumas igrejas populares, somente para depois irem embora desapontadas, porque perceberam um espírito de vaidade e exibição entre os membros. Como seria bom podermos oferecer a essas pessoas uma igreja, onde o rico e o pobre não ostentam seu status pelo uso exibicionista de roupas e jóias. Esses indivíduos se emocionam ao adorar, onde não sintam que são desprezados, se não estão na última moda.

As Jóias Justificadas
Os que procuram justificar o uso de jóias, normalmente citam histórias da Bíblia nas quais os filhos de Deus usaram ouro, prata ou jóias. Por exemplo, as Escrituras relatam o assunto sem comentários, que José usou um anel e “um colar de ouro no seu pescoço” (Gên. 41:42); que Saul usou um bracelete (II Samuel 1:10); que Mardoqueu recebeu um anel de Assuero (Ester 8:2); e que o rei Belssazar deu a Daniel um manto púrpura e colocou “uma cadeia de ouro ao pescoço” (Daniel 5:29). Mas, lembre-se, apenas porque algo aparece na Bíblia não significa que Deus o aprova. As Escrituras simplesmente relatam com fidelidade a história do povo de Deus, incluindo todas as suas falhas. Noé bebeu vinho e ficou bêbado (Gênesis 9:20-21). Ló teve relações sexuais com suas filhas e engravidou-as (Gênesis 19:30-38). Judá pagou uma prostituta por uma noite, engravidou-a, e mais tarde descobriu que ela era a sua nora (Gênesis 38:12-26). Não podemos admitir que Deus aprove tais práticas repugnantes, apenas porque esses incidentes são mencionados na Bíblia. Outras passagens da Escritura claramente nos falam que Deus condena o álcool, incesto, prostituição, e jóias como não produtivos para não executar seus propósitos para a humanidade. Uma história que é freqüentemente citada para justificar as jóias, é a do Filho Pródigo. Desde que o pai “colocou um anel em sua mão”, alguns dizem assim: Deus quer que usemos jóias. Obviamente, você pode ver facilmente, que esta parábola não é um comentário inspirado dizendo que os cristãos deveriam sar anéis. Além disso, o anel que o pai deu a seu filho, era mais parecido com um anel de sinete. Os anéis de sinete continham o selo da família. As pessoas usavam-nos para imprimir este selo singular sobre documentos oficiais. Era a assinatura da família. Antes que um ornamento para exibição, anéis de sinete eram uma ferramenta para legalizar documentos e eram normalmente usados sobre o dedo indicador.

Investindo no Interior
Outro argumento que aparece, as vezes, é o de que o uso de jóias é uma forma de manter, com capricho e beleza, o corpo que Deus criou. Mas será que é isso, afinal, que Deus espera de nós? Seu desejo para o nosso corpo pode ser bem expresso em uma frase: investir no interior e manter o exterior. Isso significa concentrar mais tempo e recursos cuidando da saúde e da vida espiritual, pois são elas que vão nos deixar mais próximos de Deus e nos tornar melhores testemunhas dEle. Já o cuidado com o exterior significa manter uma imagem de asseio, higiene e bom gosto. Cuidar do cabelo para mantê-lo limpo, bem penteado e cortado; manter o corpo bem lavado, as unhas bem cortadas e limpas, etc. Não usar jóias não significa relaxar, mas ter bom gosto e capricho. Deus espera que não venhamos a priorizar aquilo que não beneficia nossa vida física ou espiritual, mas que o investimento seja colocado naquilo que traz resultados positivos no presente e também no futuro. Ele quer que a atenção seja chamada para o interior, e não para o exterior. A verdade é que investimos naquilo que é mais importante para nós, e sempre que se investe em uma área, se enfraquece a outra.

Por Que Ser Uma Pedra de Tropeço?
Uma razão para não usar bebidas alcoólicas, é porque uma em cada sete pessoas que as consomem se tornarão alcoólatras. Mesmo que eu seja hábil para beber moderadamente, não quero que meu mal exemplo cause a ruína de outra pessoa, especialmente por alguma coisa tão desnecessária como bebidas embriagantes. O mesmo princípio é verdadeiro sobre as jóias. A gente vê pessoas que se cobrem com ouro e jóias preciosas. A maioria das pessoas que usam jóias, não se dão conta de seu próprio valor. Elas esperam sentir-se mais valorizadas por cobrirem-se a si mesmas com objetos caros. Outras acreditam que não são tão atraentes e esperam aumentar sua beleza ao se enfeitarem com belas pedras. Não podem se controlar. Pensam que se um é bom, então dez será melhor. Apenas para lembrar, nunca escutei de um homem: “Ela não é bonita? Apenas olhe suas jóias!”. Bem, aqui está a grande questão. Qual é o objetivo? Se é certo para mulheres usarem brincos, então quem dirá que é errado para o homem? Se um anel ou brincos são aceitáveis, então porque não três ou quatro? Se um membro da igreja pode usar jóias, por que não um pastor? Se uma jóia na orelha é totalmente certo, então o que há de errado com um osso no nariz? Talvez você tenha notado a moderna mania de piercing no rosto. Quatro brincos na orelha e argolas no nariz com uma corrente entre elas. As pessoas
estão usando também piercing no corpo e argolas nas sobrancelhas, umbigo, língua e outros lugares de sua intimidade. Por que um cristão desejaria ser uma pedra de tropeço a alguém e lhe encorajar a usar uma jóia? Isto é totalmente desnecessário. Especialmente para pessoas que estão se preparando para o encontro com Jesus.
Se eu estiver usando alguma jóia, posso abrir as comportas da inconsistência pelo mau exemplo, e levar muitos a tropeçar. Se realmente amo o meu irmão, por que deveria insistir em correr esse risco, por algo tão desnecessário como as jóias?

Modéstia e Humildade
O propósito original da roupa foi cobrir a nudez de nossos primeiros pais. Adão e Eva nunca sonharam em pendurar ouro ou prata sobre o corpo, para salientar suas folhas de figueira! As vestes eram modestas e os protegiam. Algum dia Deus colocará uma coroa dourada de vitória sobre a fronte dos vencedores. Então, mesmo assim, os salvos removerão sua coroas de ouro na presença de Deus. (Apoc. 4:10-11). Observe o que Deus falou ao profeta Isaías acerca de jóias e roupas vistosas. “Diz o Senhor: visto que as filhas de Sião se exaltam, e andam de pescoço erguido, e tem olhares impudentes, e quando andam, como que vão dançando, e fazendo retinir os ornamentos de seus pés,... naquele dia tirará o Senhor os seus enfeites: os anéis dos artelhos, as toucas, os colares em forma de meia lua, os brincos, os braceletes, os véus, os diademas, as cadeias dos artelhos, os cintos, as caixinhas de perfume do nariz, os vestidos diáfanos, os mantos, os xales, as bolsas, os espelhos, as capinhas de linho, e as toucas e os véus.” (Isaías 3:16-23). Mulher na profecia bíblica simboliza igreja. Nessa profecia, as mulheres (igrejas) foram severamente julgadas por causa de seu orgulho, que está ligado diretamente ao adorno externo. Pelo fato de estarmos lutando contra o pecado e tentação, agora não é o tempo certo para glorificar nosso exterior. O supremo alvo do cristão é atrair a atenção para Cristo, não para si mesmo. Decorando nossos corpos mortais com pedras e brilhantes, facilmente o orgulho vai nascer, e isto é totalmente oposto ao espírito e aos princípios de Jesus. “Quem a si mesmo se exaltar será humilhado, e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Mat. 23:12). O orgulho da própria aparência foi o grande fator da rebelião e queda de
Lúcifer. Quando originalmente Deus criou Lúcifer como um anjo perfeito, lhe deu muitas pedras preciosas como seu vestuário “o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda. Os teus engastes e ornamentos eram feitos de ouro.” (Ezequiel. 28:13). Desde que Adão e Eva caíram em pecado, nós humanos, temos que lutar com a mesma natureza pecaminosa que tem o orgulho em sua raiz. Deus, por isso, ordenou-nos a não usar jóias. Em nossa condição pecaminosa, não estamos mais aptos a resistir a tendência do orgulho, do que foi Lúcifer. Quando nosso corpo for transformado, na segunda vinda de Cristo, não seremos mais tentados a pecar. Unicamente então, Jesus considerará seguro colocar uma coroa de ouro em nossa cabeça. Enquanto isso não acontece, fazemos bem em seguir o conselho dado por Paulo às mulheres: “quero que, do mesmo modo, as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos dispendiosos, mas (como convém as mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.” I Timóteo 2:9-10.

Pobres “Investimentos”...
Nos cristãos somos fiéis administradores da causa de Deus. Alguns usam tantas jóias que se fossem vendidas, poderiam construir uma igreja inteira num campo missionário. Nosso dinheiro deveria ser gasto para disseminar o evangelho na prática, de modo eficaz. O Senhor pergunta: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do seu trabalho naquilo que não pode satisfazer?” (Isaías 55:2 - veja também Mateus 6:19-21).

Pequenos Ídolos
Quando apresento a verdade bíblica a respeito das jóias, raramente ouço queixas daqueles que são recém convertidos. Mas alguns outros, que tem estado na igreja durante anos, freqüentemente ficam tristes e argumentam, “Isto é uma coisa tão pequena!” Minha resposta é: “se é uma coisa tão pequena, então por que é tão difícil para você abandoná-la?” Um pouco de ouro ou prata podem se tornar um grande ídolo. Deus adverte Seu povo que vive nos últimos dias: “Naquele dia os homens lançarão às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para ante eles se prostarem, e meter-se-ão pelas fendas das rochas, e pelas cavernas das penhas, por causa da presença espantosa do Senhor, e por causa do esplendor da Sua majestade, quando Ele se levantar para sacudir a terra.” Isaías 2:20-21.

Somos o Templo de Deus
A mais bela construção da Antigüidade era o templo de Deus, construído pelo rei Salomão. Seu exterior era coberto com pedras de puro mármore branco. Muito interessante é notar que o ouro, estava no interior do templo. A Bíblia diz que este é igualmente um bom modelo para os ‘templos vivos’. “A beleza das esposas não seja o enfeite exterior, como o frisado dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas a beleza interior, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que é precioso diante de Deus.” (I Pedro 3:3-4). Como o antigo templo de Salomão, nosso ouro deveria estar no interior! Os princípios bíblicos contra o uso de jóias, tem sido uma bênção à causa de Deus. Eles dão liberdade para os membros. O povo de Deus tem então mais dinheiro para gastar na disseminação do evangelho, e no suprimento das necessidades dos povos sofridos. Eles estão livres dos sentimentos de insegurança. Os homens não necessitam se preocupar sobre o anel que deram a
esposa ou namorada, se é bonito o suficiente ou se dá uma boa afirmação social. E as mulheres não tem que investir nada de sua energia emocional na comparação de suas jóias com as das outras. O padrão de Deus tem sido uma tremenda bênção, e nós precisamos mantê-lo assim!

A Primeira Impressão é a que Fica
Duas mulheres simbólicas aparecem em Apocalipse, nos capítulos 12 e 17. Elas representam os dois grandes poderes religiosos que estão em conflito, por toda a história da igreja. Embora nenhuma das mulheres fale uma só palavra que seja, sabemos qual é a verdadeira e qual é a falsa. Como? O primeiro modo como a Bíblia as identifica é pelas roupas que estão usando. Apocalipse 12:1 diz: “viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça.” A primeira mulher, que representa a igreja de Deus, está usando uma luz natural. Sua igreja está vestida com a pura e não falsificada luz que Ele fez. Por contraste, a Segunda mulher, que representa uma igreja falsa, está enfeitada com jóias e roupas finas. Sua beleza é externa e artificial. Apocalipse 17:4 fala que, “A mulher estava vestida de púrpura e de escarlate, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas. Tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição.” Obviamente sua descrição esta associada com a aparência do mal, e somos ordenados a “Abster-nos de toda a aparência do mal” (I Tessalonicenses 5:22). Jesus mesmo recomendou: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:16). A Palavra de Deus nos orienta a deixar nossa própria luz (não nossos enfeites externos) brilhar tanto, que outros possam ver nossas obras (não nossas riquezas) e glorificar a Deus (não a nós mesmos).

Cristo é Nosso Exemplo
Também tenho sido questionado, muitas vezes, se não haveria problema em usar um crucifixo. Bem, Jesus nunca pediu para usarmos uma cruz. Ele pediu para levarmos a cruz. Tomar nossa cruz e seguir a Jesus é muito mais desafiador que usar uma camiseta, um grande adesivo, ou uma pequena cruz dourada como propaganda vazia. Jesus disse que tomar a cruz significa que, como cristão, você deve negar-se a si mesmo, tomar cada dia a sua cruz e segui-lo.” Lucas 9:23. Sempre que estiver em dúvida, pergunte: “O que faria Jesus?” Se seguirmos a Jesus, estaremos sempre seguros. Pessoalmente, não posso imaginar meu Jesus furando Suas próprias orelhas, nariz, ou qualquer outra parte, mesmo com o fim de pendurar pedras brilhantes em suas extremidades. O exemplo de Jesus nas Escrituras é continuamente de modéstia e simplicidade prática. Quando Ele foi crucificado, os soldados romanos dividiram Suas vestes entre si. Note que eles não tiraram a sorte por Suas jóias. Ele não possuía nenhuma. Em vez disso, eles tiveram que disputar Sua peça de roupa mais valiosa uma modesta túnica sem costura. (João 19:23-24).
Eis uma mensagem que mostramos repetidamente: quando amamos a Jesus, queremos seguir Seu exemplo. “Aquele que diz que está nEle, também deve andar como Ele andou.” I João 2:6.

Mudança de Proprietário
Numa pequena cidade onde vivi, havia uma casa que era bem conhecida por sua aparência: tudo em ruínas. Ferro-velho, lixo e uma mistura de sucatas espalhadas pelo pátio. A pintura descascando, janelas quebradas, e cachorros famintos no jardim. Era uma vergonha para toda comunidade. Então um dia, depois de voltar de uma longa viagem, andando pela cidade; fiquei aturdido pela dramática mudança que tinha ocorrido naquela casa vergonhosa. A velha pintura descascada tinha sido lixada e agora uma nova pintura embelezava as paredes. Janelas novas e limpas estavam no lugar das antigas, e todas as sucatas e ferro velho tinham sido tiradas! O jardim foi limpo e coberto com um novo gramado. Eu não podia deixar de perguntar o que causou a mudança. Instantaneamente descobri que a casa tinha um novo proprietário.
Todos nós, de uma forma ou outra, nos parecemos com a velha casa em ruínas. O pecado reinou em nosso coração, e levou à queda, impureza e confusão. Mas sempre que uma pessoa permite a Jesus entrar no coração, o processo de limpeza começa imediatamente. Jesus remove aquelas coisas que manchavam a beleza interior do cristão, e as pessoas notam a beleza externa. Jesus deixou de lado Sua coroa, e Seu trono Celestial quando veio ao nosso mundo, para nos salvar. Ele entregou suas vestes terrenas quando morreu na cruz pelos nossos pecados. Seria muito para Ele, pedir que tiremos nossos enfeites sem vida, para que possamos refletir melhor Sua pureza e humildade neste mundo caído? Como você viu, existem muitas e boas razões para os cristãos absterem-se das jóias. Mas se eu tiver de escolher as duas melhores, escolheria estas: amor a Deus, e amor ao nosso próximo. “Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:1-2.

Texto: Doug Batchelor
Tradução: Udolcy Zukowski
Adaptação: Erton Kohler

O Bode Azazel


Yom Kipur – Dia da Expiação

1. Observações gerais : A palavra AZAZEL ( lzEaz"[;) só ocorre 4 vezes na Bíblia (Lev. 16:8, 10, 26). É traduzido por bode expiatório ou emissário. Azazel é um nome próprio e assim é traduzido na Bíblia de Jerusalém, na versão Brasileira, na Bíblia anotada de Scofield e na versão castelhana de Casiodoro de Reina/Cipriano de Valera. Os estudiosos cristãos e hebreus concordam que Azazel representa ou tipifica Satanás. O que chama a atenção de imediato é que no ritual do Yom Kipur (ou da expiação), apesar da escolha e separação de dois bodes para o importante cerimonial da expiação, apenas um é sacrificado: Aquele separado por sorte à Jeovah. Assim, o bode separado à Zazazel morre com todos os “pecados” pois não derrama sequer uma gata de sangue. Ele só toma parte no ritual após a realização da expiação do primeiro bode que com sua morte e derramamento do seu sangue, purificava o santuário e levava todos os pecados do povo de Israel. ( Lev. 16:17-20) Todos os pecados do povo que foram perdoados, expiados, com o derramamento de sangue do bode dedicado ao Senhor, foram simbolicamente colocados sobre o bode para Azazel. Satanás é o autor e incentivador do pecado, jamais salvador. Os inúmeros escritos da Igreja Adventista jamais afirmaram ou desposaram crença que Satanás ou o bode para Azazel tem parte vicaria no perdão dos pecados dos homens. Unicamente Jesus com sua morte na cruz tem este poder e missão. Ele receberá com seus anjos rebelados, e todos os ímpios por ele enganados durante os séculos, merecido castigo que é a “segunda morte”.
Resumindo, damos as diferentes etapas deste cerimonial: 1. O sumo sacerdote sorteava dois bodes: um para o Senhor Jeovah, e outro para Azazel. (Festa do Yom Kipur- Dia da expiação) 2. No bode separado por sorte ao Senhor, o sumo sacerdote colocava as mãos sobre sua cabeça e confessava todos os pecados do povo, era degolado, e o sangue derramando em favor dos pecados do povo e da purificação do santuário. 3. O sumo sacerdote tomava do sangue deste bode e entrava no segundo compartimento (chamado de lugar santíssimo) uma vez/ano, e aspergia 7 avezes sobre o propiciatório. 4. Em seguida, o sumo sacerdote saia do santuário e tomava agora o segundo bode, vivo, reservado para Azazel. Colocava ambas as mãos sobre sua cabeça e confessava todos os pecados, transgressões e iniquidade do povo de Israel, “armazenados” durante todo o ano no santuário e já simbolicamente confessados. 5. O bode para Azazel era então levado por uma pessoa designada para um lugar solitário e deserto e ali deixado para morrer de fome e de sede. 2 6. Devemos lembrar o que Deus disse à Moisés: “É o sangue que fará expiação pela alma (vida)” Lev. 17:11. Paulo reforçou este mandamento e disse: “sem derramamento de sangue não há remissão.” Heb. 9:22.. 7. O bode emissário só entra em cena depois de consumada a expiação do 1º bode separado para o Senhor e destinado a limpar os pecados do povo e do
santuário. É infantilidade então dizer que Azazel entra de forma efetiva no perdão dos pecados do povo e é co participante na expiação. Lembramos mais uma vez que o bode para Azazel não toma parte na expiação dos pecados do povo. Tão somente ganha de “presente” todos os pecados que sobre ele focam quando o sumo sacerdote confessa estes pecados, e que sobre ele são transferidos simbolicamente até o dia do juízo quando será julgado, exterminado e queimado com os ímpios. Os pecados do povo e do santuário foram apagados com o sacrifício do bode dedicado ao Senhor. Azazel não teve qualquer participação no cerimonial para o perdão destes pecados. Jesus fez uma redenção completa, total, eficaz e retroativa até Adão com seu sangue derramado na cruz em favor do pecador arrependido. (Mat. 26:28) 8. Satanás com todos os pecados do povo de Deus durante os séculos sobre si, estará prisioneiro pelas circunstâncias durante mil anos nesta terra desolada e sem moradores, até chegar a hora do ajustes de contas com Deus no dia do juízo. Ele terá de pagar e sofrer por toda rebelião, miséria e morte como principal responsável pelos pecados do homem. Todo o cerimonial que se desenrrolava no dia da expiação (Yom Kipur) no tabernáculo ou no templo, fora expressamente dita à Móises por Deus. Devia ser seguido a risca e obedecido rigorosamente em cada detalhe. Nenhum ajuste, adaptação ou modificação poderia ser feita sob pena de afrontar o nome de Deus e prejudicar o cerimonial no seu conjunto e sua eficácia. Cada detalhe tinha um profundo significado e devia ser obedecido e seguido mesmo não conhecendo ou sabendo o homem toda sua amplitude, profundidade e significado. Deus assim o ordenara na sua soberana vontade. Não cabia ao homem perguntar o por que. Todo este cerimonial fora seguido e obedecido enquanto o templo funcionou. Dele podemos aprender importantes lições que Deus desejou ensinar ao homem e às congregações religiosas durante os séculos, e aperfeiçoadas no ministério do Messias Jesus. (Heb. 9:11,12) Consulte C.S. Capitulo 41.Concluindo nossas considerações, afirmamos baseados nas meridianas verdades e clareza das Sagradas Escrituras a Bíblia: 1. Aqueles que ensinam a imortalidade inerente da alma do homem (imortalidade da alma – palavras jamais encontradas na Bíblia) após a morte, pregam uma doutrina de demônios ao afirmar que o crente fiel ao morrer vai direto para o céu sem ser julgado isto é, antes do julgamento final porque sua alma é imortal. 2. Os que crêem e ensinam que Satanás não será aniquilado ou totalmente destruído com seus anjos maus e com os ímpios não arrependidos, porém ficarão no tormento e castigo eternos, pregam mentiras.
3 3. Neste caso estão afirmando que o PECADO FICARÁ ETERNIZADO, verdadeira aberração totalmente fora da Bíblia. 4. Esta doutrina contradiz a Bíblia que afirma que Deus restaurará todas as coisas e criará novo céu e nova terra. (Apoc. 21; Is. 65:17; 66:22) 5. Contradiz também ao profeta Naum quando diz: Naum 1:9; “Não se levantará por duas vezes a angustia (Aflição, opressão).” (Lo takum paamaim tzará - do hebraico.) 6. Castigo e juízo de Deus sobre Satanás e ímpios é diferente de expiação vicaria. Os ignorantes e mentirosos desconhecem este fato. A doutrina da imortalidade da alma é um doutrina diabólica (primeira mentira de Satanás no Eden ao enganar Eva). O pecado jamais poderia ficar eternizado com a eternidade do sofrimento de Satanás, seus anjos e ímpios que rejeitaram a misericórdia de Jesus com sua morte vicária nas cruz.

(Mário Feller, CD Capacitando Sua Liderança,2003)

domingo, 1 de julho de 2007

1.290 e 1.335 dias de Daniel 12:11 e 12


Alberto R. Timm
(publicado na revista do Ancião
em jan – fev 2004)

A natureza e o cumprimento dos “1.290 dias” e “1.335 dias” de Daniel12:11 e 12 só poderão ser devidamente compreendidos se considerados dentro da estrutura de paralelismo profético do livro de Daniel. William H. Shea esclarece que no livro de Daniel cada período profético (1.260, 1.290, 1.335 e 2.300 dias) aparece como um apêndice calibrador ao corpo básico da respectiva profecia que lhe corresponde. Por exemplo, a visão do capítulo 7 é descrita nos versos 1-14, mas o tempo a ela relacionado só aparece no verso 25. No capítulo 8, o corpo da visão é relatado nos versos 1-12, mas o tempo só ocorre no verso 14. De modo semelhante, os tempos proféticos relacionados com a visão do capítulo 11 só são mencionados no capítulo 12. (W. H. Shea, Daniel 7-12: Prophecies of the End Time, págs. 217 e 218.) Esse paralelismo comprova que os 1.290 e 1.335 dias, de Daniel 12:11 e 12, compartilham da mesma natureza profético-apocalíptica que os "tempo, tempos e metade de um tempo", de Daniel 7:25, e as 2.300 tardes e manhãs, de Daniel 8:14. Assim, se aplicamos o princípio dia-ano aos períodos proféticos de Daniel 7 e 8, também devemos aplicá-lo aos períodos de Daniel 12; pois todos esses períodos estão interligados entre si, de alguma forma, e a descrição de cada visão indica apenas um único cumprimento para o período profético que lhe corresponde.
Básico para a compreensão desses períodos é também a identificação dos eventos e dos poderes a eles relacionados. A alusão em Daniel 12:11 ao "sacrifício diário" e à "abominação desoladora" conecta os 1.290 e 1.335 dias não apenas com o conteúdo da visão de Daniel 11 (ver Dan. 11:31) mas também com as 2.300 tardes e manhãs de Daniel 8:14 (ver Dan. 8:13; 9:27). O mesmo poder apóstata que haveria de estabelecer a "abominação desoladora" em lugar do "sacrifício diário" é descrito em Daniel 7 e 8 como o "chifre pequeno", e em Daniel 11 como o "rei do Norte". A expressão "sacrifício diário" é a tradução do termo hebraico tamid, que significa "diário" ou "contínuo", ao qual foi acrescida a palavra "sacrifício", que não se encontra no texto original de Daniel 8:13 e 12:11. Esse termo (tamid) é usado nas Escrituras em relação não apenas com o sacrifício diário do santuário terrestre (ver Êxodo 29:38 e 42) mas também com vários outros aspectos da ministração contínua daquele santuário (ver Êxodo 25:30; 27:20; 28:29, 38; 30:8; I Crôn. 16:6). No livro de Daniel o termo se refere, obviamente, ao contínuo ministério sacerdotal de Cristo no santuário/templo celestial (ver Dan. 8:9-14). Já a "abominação desoladora" subentende o amplo sistema de contrafação a esse ministério, construído sobre as teorias antibíblicas da imortalidade natural da alma, da mediação dos santos, do confessionário, do sacrifício da missa, etc. Foi com base nesses princípios que Guilherme Miller chegou à conclusão de que tanto os 1.290 anos como os 1.335 anos iniciaram em 508, quando Clóvis obteve a vitória sobre os visigodos arianos, passo esse decisivo na união dos poderes político e eclesiástico para a punição dos "hereges" pelo catolicismo medieval. Os 1.290 anos eram vistos como havendo se cumprido em 1798, com o aprisionamento do Papa Pio VI pelos exércitos franceses. Já os 1.335 anos eram considerados como se estendendo por mais 45 anos, até o término dos 2.300 anos de Daniel 8:14, em 1843/1844. Essa interpretação foi mantida pelos primeiros adventistas observadores do sábado, transformando-se na posição histórica da Igreja Adventista do Sétimo Dia até hoje. Rompendo com essa interpretação, alguns indivíduos têm proposto, em anos mais recentes, uma "nova luz" sobre um suposto cumprimento futuro dos 1.290 e 1.335 dias, como meros dias literais. Por mais interessante que possa parecer, essa nova interpretação (1) rompe completamente com o paralelismo profético do livro de Daniel; (2) busca endosso em uma leitura parcial e tendenciosa do Espírito de Profecia; (3) é inconsistente em sua aplicação do princípio dia-ano de interpretação profética; (4) promove a interpretação profética futurista da contrareforma católica; e (5) menospreza as advertências do Espírito de Profecia sobre marcações de quaisquer novas datas. Sem dúvida, esse suposto cumprimento futuro dos 1.290 e 1.335 dias é totalmente irreconciliável com as declarações de Ellen White de que "o tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será" (Primeiros Escritos, pág. 75), e que "nunca mais haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo" (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 188).